Matadouro Modelo - As Charqueadas em Dom Pedrito

Interior da secção de salga de carnes, com o tanque
onde as mantas eram mergulhadas em salmoura

 Com o tema Cotrijuí palpitando em nível estadual, achamos por bem falar desta vez sobre o primórdio de uma das atividades que naquele complexo foi desenvolvida - o abatedouro de gado, mais particularmente, a Charqueada. Para quem viveu aqueles tempos e tenha, quem sabe, trabalhado mesmo, em suas grandiosas instalações, facilmente se identificará com as poucas, mas valiosas informações que pretendemos apresentar, as quais foram, como é praxe, recolhidas, inicialmente, junto a Adilson Nunes de Oliveira e do acervo do Museu Paulo Firpo, donde é diretor. 

 A tradição de salgar a carne vem de tempos remotos, por ser este um dos melhores métodos, até hoje, de se conservar este importante alimento. Com o advento da civilização, e levando-se em conta a vocação de nossa região para a criação de gado bovino, esta necessidade tornou-se, também uma das mais importantes indústrias alimentícias, tanto é, que em Dom Pedrito, esta foi, nos seus tempos áureos, uma próspera geradora de empregos. Devido a escassez de informações, nosso trabalho traz mais registros fotográficos do que informações propriamente ditas, no que fica este semanário à disposição de eventuais depoimentos de possíveis trabalhadores da época, para posteriores publicações.

 A Indústria Pedritense de Carnes Sociedade Cooperativa, como era chamada inicialmente, teve como fundadores, nomes como: Leopoldino Dutra Sobrinho, Juventino Corrêa de Moura, Floribal de Olveira Jardim, Ataliba Coutinho da Rocha, entre outros.

 A década era a de 1930. Serviram de base para este trabalho a obra "Nova Era para a Indústria do Charque", de Cassiano Alberto Lorenzo Fernandez, de 1939; Regulamento Interno da Indústria de Carnes Sociedade Cooperativa e Relatório e Balanço Geral, Safra de 1941, da mesma entidade. No Regulamento Interno, datado de 1938 encontramos valiosas informações quanto ao funcionamento da instituição,bem como algumas peculiaridades.

 A seguir transcrevemos alguns dos parágrafos do referido volume. Obs.: a grafia e estilo literário são típicos da época: ...5º - As matanças serão feitas pela ordem de inscrição (pedido de entrada) e apresentação das tropas; 6º - Si o associado inscrito em primeiro logar não apresentar sua tropa no dia designado, ficará com a preferência o que estiver em segundo logar; 12º - As tropas deverão entrar na charqueada completamente isentos de carrapatos.
Em outro volume intitulado "Relatório e Balanço Geral, Safra de 1941", encontramos: Em virtude de contrato assinado com a Prefeitura Municipal, os serviços de matadouro das reses destinadas ao abastecimento da cidade, em agosto de 1942, passaram a ser feitas no Matadouro Modêlo, explorado por esta cooperativa, para atender ao transporte de carne do matadouro aos postos de venda da cidade"....

 Na imagem à esquerda está o edifício  da Indústria Pedritense de Carnes, Sociedade Cooperativa - frente do lado Sul, vista do Oeste. é possível ver, também, a linha férrea, onde os vagões eram carregados com charque, exportado para diversas partes do país.



 Interior da cancha de matança em pleno funcionamento. Em primeiro plano vê-se a mesa da desposta das mantas ditas "corte especial".



 Ao lado, o interior da seção de salga de carnes, com o tanque onde as mantas eram mergulhadas na salmoura.

Exportações de charque
no ano de 1938
Praças
Fardos
Quilos
Recife
2.383
193.503
Baía
1.999
94.613
João Pessoa
385
32.432
Ilhéos
230
18.999
Rio de Janeiro
76
6.172
Total
4.273
345.719

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