Réu no caso Vera Lúcia, Leopoldino de Lima Moraes vai a júri no dia 14


Leopoldino de Lima Moraes, réu no Caso Vera Lúcia, um dos mais emblemáticos da Capital da Paz, vai a júri na próxima quinta-feira, dia 14, com início dos trabalhos às 9h. Ele está preso desde maio, após a Polícia Civil descobrir que o corpo de Vera Lúcia - que estava desaparecida desde 2018 - estava enterrado abaixo de um cômodo da casa de Leopoldino. Uma verdadeira operação, empregando Corpo de Bombeiros, cães farejadores e Exército Brasileiro foi necessária para encontrar o cadáver, que, por óbvio, já estava em avançado estado de decomposição.

Leopoldino está preso preventivamente desde maio deste ano.

Sobre o caso

Os trabalhos para localização e retirada do corpo tiveram início às 17h do dia 14 de maio. Após as escavações, retirando camadas de concreto e descobrindo o cadáver - os cães farejadores já davam conta da presença do corpo, antes mesmo das escavações. A retirada do cadáver só ocorreu na madrugada do dia 15.

Na ocasião, o inspetor Lauro Telles relatou que as suspeitas iniciais já apontavam que o companheiro era o responsável pelo crime, pelas circunstâncias do relacionamento, inclusive de que o crime foi cometido para que ele ficasse com a guarda de uma criança.

Quando à Polícia cumpriu o mandado, pela primeira vez - ainda em 2018 -, se pode constatar que havia um piso colocado às pressas, no cômodo ao qual não havia telhado, surgindo, então, as suspeitas da ocultação do cadáver naquele local, entretanto, conforme apontou Telles, na ação desencadeada para descoberta do cadáver, já havia uma alteração: outro piso foi colocado, de forma sobreposta, conjunto de evidências que levou os investigadores a acreditar que o local foi “adaptado”.

Em julho, o Instituto Geral de Perícias (IGP) atestou que, de fato, o corpo era de Vera Lúcia Severo Lemos. Outra situação averiguada foi quanto ao sangue encontrado em uma faca (ao qual a Polícia Civil atribuía como arma do crime) encontrada em 2018, em diligências realizadas na casa. O resultado pericial apontou que o sangue era de Vera Lúcia, atestando a principal tese de investigação da Polícia Civil: ela foi morta por Leopoldino e enterrada aos fundos da casa - posteriormente, foi construído um cômodo que servia como quarto sobre o local onde o corpo foi enterrado.

Réu, em audiência, alegou legítima defesa

Em audiência realizada no dia 15 de julho, Leopoldino disse que golpeou a vítima para se defender, pois esta investiu com uma faca após descobrir ser portadora de HIV, sem, contudo, restar lesionado. As demais testemunhas não presenciaram o esfaqueamento. Portanto, há uma primeira tese, que leva à absolvição. Contudo, não se pode descartar uma 2ª tese, pois Vera foi atingida no flanco direito, perfurando a lâmina de baixo para cima, o que sinaliza o desferimento de golpe pelas costas ou lateralmente, já que o réu é destro, como se apreende do relatório circunstanciado das f. 355-61. Aliás, o réu admite que não restou com ferimentos, bem como que a vítima não morreu instantaneamente, demorando aproximadamente 4 minutos, mas mesmo assim não acionou o SAMU ou buscou socorro médico, indício que não se ajusta com a vontade de apenas se defender. Mais: ao mesmo tempo em que refere que VERA entrou em casa transtornada, armou-se com a faca e investiu contra sua pessoa, observa-se que o cadáver vestia apenas camiseta, sem calças, calcinha, meias ou outra peça de vestuário, o que – em tese – não afasta que a estocada tenha ocorrido em situação diversa da narrada. Não se pode olvidar que Leopoldino contou que a vítima haveria viajado ou estava em lugares diversos (vide depoimento de algumas testemunhas) antes da descoberta do cadáver, o que não descarta de modo estreme de dúvidas que a alegação de legítima defesa seja outro expediente defensivo para evitar a responsabilidade penal. Logo, o julgamento popular se impõe, pois necessário aprofundar a análise da veracidade quanto à narrativa do fato pelo réu, o que inviável ao Juízo de Piso.

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