A sociedade que fecha escolas

Antiga escola do Obelisco da Paz, no Ponche Verde. Hoje também fechada

 Quando dizemos que a sociedade está fechando escolas, não erramos ao afirmar que assim acontece. Na realidade, quem as tem fechado a um ritmo alucinante, são os nossos próprios governantes. Recentemente, o caso da Escola Rural Risoleta de Quadros, localizada na Vila de São Sebastião, foi destaque em todo o estado, ao aparecer no Jornal do Almoço, pela RBS TV. Não será demais lembrar que o Ensino Médio naquela escola foi extinto este ano por haver, diz o coordenador da 13ª CRE, irregularidades na forma como o ensino vinha sendo ministrado naquela instituição, na forma de uma extensão da Escola Nossa Senhora do Patrocínio, que existia de fato, mas não de direito. 

 Na mesma semana, ficamos sabendo de outra escola rural que teve suas portas fechadas este ano, trata-se da escola Raul Corsini, que fica na localidade da Música, no interior de nosso município. Esta é apenas mais uma, das muitas que encerraram suas atividades ao longo dos anos, não só em Dom Pedrito, mas em todo o Estado, fruto de uma política equivocada, onde nossos representantes, na intenção de concentrar mais alunos em uma localidade criaram as questionadas nucleações. Em vez de elaborarem políticas que incentivem a permanência das pessoas no campo e aí sim, se justificaria o investimento em melhores condições de permanência na zona rural, conseguiram os governantes criar um efeito contrário. Agora, trabalhadores vocacionados ao campo, precisam deixar para trás suas raízes, para que seus filhos tenham condições de estudar na cidade. O resultado é que, as estatísticas que mostravam que 30 anos atrás, aproximadamente 70% da população vivia no campo, hoje praticamente se inverteu. O fenômeno do êxodo rural fez de Dom Pedrito, e do Brasil como um todo, um país de grandes dificuldades urbanas. Onde erramos então? Nós, enquanto sociedade, o que podemos fazer para mudar essa realidade já estabelecida? A resposta não é uma só, nem passa por uma simples decisão individual. Todas as mazelas que vivemos na atualidade são frutos do nosso próprio comportamento, enquanto membros de uma sociedade organizada. Não haveria corrupção em nosso país, se as pessoas não fossem a isso predispostas; não haveria governos omissos e egoístas, se as pessoas que chegam até as posições de mando, não tivessem em si o germe desses sentimentos malsãos. É preciso, então, que antes de tudo, a sociedade mude. Assim, quando alguns de seus membros estiverem comandando os municípios, os Estados e a nação, naturalmente farão pelos outros aquilo que quisessem para si próprios, sem a necessidade de revoluções, investigações ou quaisquer outras medidas violentas.

 A sociedade que fecha escolas, não percebe que assim procedendo, fecha também o futuro, os sonhos e aspirações de famílias inteiras. Por que, esses mesmos governantes que pensam ser tão fácil decretar a interrupção do ensino em uma escola, não cortam primeiro os seus descarados benefícios, as suas dezenas de assessores, as suas imorais mordomias? Alguém já falou, que cada vez que se fecham as portas de uma escola, dois ou mais presídios necessitam ser construídos. Porque não inverter essa lógica? Custa usar o bom senso com uma causa tão nobre?

 A sociedade que fecha escolas, está, certamente, muito longe de se tornar uma sociedade evoluída, está muito distante de parecer-se com nações ditas de primeiro mundo. Até lá, o Brasil, como um todo, continuará no rol das nações pouco confiáveis.

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