Sitio Tio Fausto e Caravana do Índio Vago


Indio Vago, Jaci Amaral e demais integrantes da Caravana no dia do evento.

 Na semana que passou, entrevistamos Jaci Amaral, proprietário do Sítio do Índio Vago. Ao chegar a seu sítio, da porteira pudemos escutar o som de um pandeiro, era Jaci ensaiando no instrumento que ele mesmo fabricou. Mas isso é assunto para mais tarde.

 No dia 30 de julho, aconteceu um evento de inauguração da nova sede da Caravana do Índio vago. Foi na residência de Jaci Amaral, conhecido participante do movimento tradicionalista em Dom Pedrito. Jaci cedeu as dependências de seu sítio para que o movimento cultural promovido por José Filandro Alves, o Índio Vago da Fronteira ficasse sediado naquele local. Na ocasião, mais de 200 pessoas prestigiaram o momento de integração e cultivo das tradições gaúchas. Na oportunidade, foram arrecadadas mais de 100 caixas de leite que foram doadas para o Asilo da Velhice Major Alencastro Carneiro da Fontoura. Segundo Jaci, este é um dos principais aspectos das festanças que por lá vão ocorrer, ou seja, o caráter filantrópico das atividades. O primeiro encontro surpreendeu, mesmo a Jaci, que admirou-se da receptividade do público que compareceu nesta primeira edição. O espaço amplo, acolhedor e familiar ficou lotado, não só de tradicionalistas, mas de simpatizantes e autoridades. Além de Jaci Amaral e Índio Vago, integram a caravana artistas da terra e tradicionalistas como: Vieirinha, Adão Franco. João Pina, Edson Velasques, Celso Simas e suas respectivas esposas que tomam parte importante no movimento.

Sobre Jaci Amaral

Com o evento, foram doados 100 caixas
 de leite ao Asilo
 Jaci, como dissemos no começo desta matéria, estava tocando o pandeiro quando chegamos no Sítio Tio Fausto, que tem este nome em homenagem ao seu saudoso pai Antero Faustino do Amaral. Jaci, de pandeiro na mão, disse que estava ensaiando porque gosta de tocar e aprender sempre mais. O instrumento, ele mesmo é quem fez. Conta que queria um pandeiro de couro, pois os que existem à venda, segundo ele não produzem o mesmo som nem alcançam a mesma afinação do que os que são feitos artesanalmente. Que o ensinou foi Naná Moraes, que já tinha abandonado o ofício. A madeira é da árvore Açoite de Cavalo, o couro de Veado e a maneira de fazê-lo, Jaci aprendeu do zero. Desde a forma para dobrar a tira de madeira ele teve que confeccionar. O resultado foi um instrumento único, de som sem igual. Hoje ele toca e faz da música um passatempo, uma diversão, pois quando pequeno, não teve muito tempo de brincar. Eram outros tempos e o trabalho se impunha como uma necessidade. Trabalhou em arame, fazendo lenha em mato com o seu pai. Morou em Porto Alegre, sempre em serviços braçais. Um dia perguntou a seu irmão, que era policial civil, como ele fazia para ser como ele: estudando foi a resposta. Jaci completou o "Primário" e prestou concurso para a "Guarda Civil", extinta anos depois. Com o passar dos anos, concluiu o "ginásio", que precedia o ensino médio de hoje. Nos anos 60 retornou a Dom Pedrito e finalmente tornou-se inspetor de polícia, onde atuou até meados de 80, quando se aposentou. Hoje ele aproveita os dias ao lado da esposa Neí Moraes do Amaral e entre ensaios com seu pandeiro e o cuidado com o sítio.



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