Mesmo com retorno das atividades até o fim do ano, retração da economia pode ser de 10% no RS


Na mesma medida que o combate ao coronavírus ainda desafia a ciência, prever os reais impactos na atividade econômica igualmente é um exercício cercado de incertezas. A partir de uma série de indicadores sobre o consumo e a circulação das pessoas, estudo desenvolvido no âmbito do Comitê de Dados do governo do Estado no enfrentamento da Covid-19 reuniu dois modelos distintos para estimar os efeitos da pandemia na economia e, mesmo em cenários menos pessimistas, ambos mostram que 2020 será pior do que 2015, quando o país viveu o pico de uma recessão. Em uma das análises de curto prazo, a retração do IBCR-RS (Índice de Atividade Econômica do Banco Central para o RS) seria na ordem de 10%, isso na hipótese de se retomar gradativamente os índices de atividade pré-pandemia.

Mesmo para registrar um indicador tão negativo e que deverá se replicar no comportamento do PIB gaúcho, o estudo conduzido pelo professor Régis Augusto Ely, do Departamento de Economia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), alerta que não foram consideradas mudanças na estrutura produtiva no período pós-pandemia em função de restrição de informações. Se isso ocorrer, a queda da atividade econômica pode permanecer por um período longo de tempo. No caso do cenário se agravar, exigindo que o isolamento permaneça nos padrões atuais até dezembro, a queda do IBCR-RS deve ultrapassar 14%.

No estudo, Ely analisou indicadores que envolvem desde a arrecadação de ICMS – cuja queda em abril foi de R$ 451 milhões na comparação com o mesmo mês do ano passado –, emissão de notas fiscais eletrônicas (queda mensal de R$ 14,7 bilhões), a demanda de energia elétrica e até mesmo o volume de veículos de passeio e de transportes cruzando por praças de pedágio.

Em uma estimativa mais drástica (na hipótese do avanço da doença exigir medidas de isolamento iguais às adotadas no mês de março), o tombo na atividade econômica poderá atingir a marca de 16%. Diante do quadro, o professor de Economia vislumbra apenas para 2021 o início de um ciclo de retomada. “Isso na hipótese de termos a nossa estrutura produtiva mantida e que esta recuperação seja rápida, sendo sentida logo nos primeiros meses do próximo ano”, avalia.

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