Há um ano, Polícia Civil desvendava um dos crimes mais macabros da história de Dom Pedrito


Matéria publicada na edição de sábado (16). 

No dia 14 de maio de 2019, a Polícia Civil desvendava um dos crimes mais cruéis e macabros da história de Dom Pedrito. O corpo de Vera Lúcia Severo Lemos, de 30 anos de idade, desaparecida já há um ano, desde de maio de 2018, viria a ser encontrado após uma investigação minuciosa, mostrando que o município deve se orgulhar e valorizar os policiais que aqui trabalham, afinal, quem imaginaria que Leopoldino de Lima Moraes - o mesmo homem que registrou o desaparecimento de Vera Lucia em julho de 2018 -, seria o executor de um assassinato e de uma ocultação de cadáver jamais vista no município?

Uma verdadeira força-tarefa envolvendo Polícia Civil, 3ª Companhia de Engenharia, Corpo de Bombeiros de Santa Maria e Instituto Geral de Perícias, iniciou no final da tarde daquela terça-feira, dia 14 de maio de 2019, em torno das 17h. Militares da 3ª Companhia realizavam escavações, pois, segundo a investigação da Polícia Civil, o corpo da vítima estaria enterrado no terreno da casa de Leopoldino. Bombeiros utilizaram cães farejadores, inclusive um que atuou na tragédia de Brumadinho.

Os cães atestaram a presença do corpo no local. Militares da 3ª Companhia de Engenharia auxiliaram nas escavações – haviam três camadas de revestimento, até ser encontrada uma cova, onde estava o corpo, cerca de 50 a 70 centímetros da última camada de cimento.

A investigação
A Polícia Civil já suspeitava de Leopoldino desde o início, pelo fato dele registrar o desaparecimento da mulher somente depois de dois meses - Vera havia desaparecido em maio e ele registrado apenas em julho na Delegacia de Polícia. A investigação apurou que o crime ocorreu para que o acusado ficasse com a guarda de uma criança. Quando a Polícia cumpriu um mandado de busca e apreensão pela primeira vez na casa de Lepoldino, os policiais constataram que havia um piso colocado às pressas no cômodo ao qual não havia telhado, surgindo, então, as suspeitas da ocultação do cadáver naquele local, o que se confirmou posteriormente.

O acusado estaria na zona rural e se apresentou na Delegacia de Polícia no dia posterior, acompanhado de seu advogado. Lá, ele recebeu voz de prisão preventiva. Cabe ressaltar o rápido trabalho do Ministério Público e Poder Judiciário, pois apenas seis meses após a elucidação do caso, o acusado foi levado a júri popular, onde acabou condenado pelos crimes de feminicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e posse ilegal de arma de fogo. A pena total restou em 20 anos e 8 meses.

O inspetor Lauro Telles, que esteve à frente das investigações, em entrevista ao Folha afirmou que esse foi o caso mais difícil que investigou até hoje. "Quando a Vera foi dada como desaparecida, envolta num mar de dúvidas e pistas que não se encaixavam, nós tínhamos o sentimento de que, infelizmente, ela não estaria mais viva. Quando finalmente encontramos indícios de que ela havia sido morta e enterrada debaixo da casa do companheiro, não descansamos até encontrar o corpo e dar a ela um descanso digno. Foi uma noite terrível aquela, sentimento de tristeza e perplexidade acompanhava toda a equipe envolvida. Sem dúvida alguma o trabalho mais difícil que fiz até hoje na polícia, e ao mesmo tempo o que me deu maior orgulho em ter conseguido desvendar", declarou o policial.

O delegado André de Matos Mendes também relembrou o caso. "Não tem como não pensar naquela investigação de um modo especial. Ela com certeza marcou cada um dos envolvidos na investigação e localização do corpo da vítima. Eu me lembro do empenho dos militares e bombeiros que nos apoiaram cavando pelos cômodos da casa. A tensão da equipe. Cavaram durante horas. E quanto mais se cavava, maiores se tornavam as expectativas. Mas aumentava também, em todos, o espanto no que o ser humano é capaz e fazer e quão perverso ele pode de ser. Foi um trabalho que ressaltou o sentimento de dever cumprido, quando encontrado o corpo e indiciado o autor do crime. Com certeza, esse caso nos trouxe inúmeros ensinamentos", finalizou Mendes.
Delegado André de Matos Mendes e inspetor Lauro Telles

Cova onde estava o corpo de Vera Lúcia

Leopoldino, durante o julgamento

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