Silvio Bermann


Subsolo de Dom Pedrito está com águas contaminadas

 A afirmação constante no título não é minha, está fundamentada em trabalho científico realizado pela Universidade Federal do Pampa (Unipampa), campus Dom Pedrito, denominado “Qualidade Físico-Química e Microbiológica de Águas Subterrâneas no Município de Dom Pedrito-RS)”, com coordenação/orientação do professor doutor Fernando Zocche (ex-diretor de nosso campus) e pesquisa desenvolvida pelo acadêmico Juliardi Lemos Cordeiro. Zocche diz, textualmente: O subsolo de Dom Pedrito está com águas contaminadas, muito provavelmente fruto da ação do homem. Há uma necessidade da conscientização de que a água é um bem comum e todos devem contribuir para a preservação deste bem.

 A iniciativa consistiu em solicitar que as pessoas coletassem amostras de água de seus poços de balde, cacimbas e poços artesianos (em recipientes esterilizados fornecidos pela universidade), e as entregassem no campus para serem analisados, gratuitamente. Os resultados foram entregues a cada um, posteriormente.

 Foram 54 amostras (48 de cacimbas e 6 de poços), com 90% delas positivas para Escherichia Coli, um coliforme termotolerante que antigamente era chamado de coliforme fecal). Das amostras analisadas, apenas três eram urbanas, as demais rurais. “De acordo com os padrões de potabilidade, as águas destinadas ao consumo humano nunca podem conter coliformes totais e Escherichia coli em qualquer amostra”, destaca o relatório. Que acrescenta: “Os índices que estavam em desacordo mostram descaso com o uso indiscriminado da água, sem cuidados com regulamentação e reposição desta água”.

 Nas considerações finais do trabalho, consta ainda: “Evidencia-se necessidade de fazer melhor gestão do uso da água, orientar os usuários destas águas e identificar os pontos de contaminação, bem como possíveis soluções, para bem proceder ao tratamento da água antes de seu uso”. Aconselha-se, no contexto, um monitoramento dos possíveis pontos de contaminação, com a devida correção.

“Outra questão importante é a regularização dos poços, que deve ser feita inicialmente com o cadastro no Siout (Sistema de Outorga de Água no RS), com prazo até 2023 para conclusão do processo”, explica Fernando Zocche. A fiscalização neste particular cabe à Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental).

 A bactéria encontrada em 90% das amostras é responsável por doenças como diarreia e colite, principalmente no grupo de risco, onde se incluem crianças, idosos, imunodeprimidos, gestantes e pós-cirúrgicos. Essa água pode contaminar alimentos e, depois, as pessoas. Já com relação as análises físico-químicas não foi observado nada anormal. Apresentamos os dados acima, repito, com fundamentação realizada por uma universidade do gabarito da Unipampa, com finalidade informativa e também educativa. Considere-se que as amostras analisadas podem ser a ponta do iceberg e a situação pode ser ainda mais séria. Afinal, foram apenas 54 amostras analisadas, em um município com as dimensões territoriais de Dom Pedrito, o 5º maior do Estado. O que equivale dizer: neste momento, parte da comunidade, principalmente rural, de Dom Pedrito, pode estar utilizando água imprópria para consumo. O alerta é para que essas pessoas sejam ajudadas e orientadas, por se tratar, antes de tudo, de uma questão de saúde pública. Carpe diem!

Postar um comentário

0 Comentários