Posto de Puericultura de Dom Pedrito



 Trazemos hoje, nesta página, um pouco da história do Posto de Saúde de Dom Pedrito, que na década de 1950, possuía outro nome, é claro - Posto de Puericultura de Dom Pedrito, ligado à Associação de Proteção à Infância e à Maternidade. Registramos que as informações aqui constantes, mais uma vez foram disponibilizadas pelo professor Adilson Nunes de Oliveira,  através do acervo do Museu Paulo Firpo.

Jornais de época escreviam em 1955:

 O Departamento Nacional da Criança do Ministério da Educação e Saúde está construindo nesta cidade, um Posto de Puericultura, que tem por objetivo desenvolver as atividades em favor da maternidade, da infância e da adolescência, velando pela saúde, bem estar e as necessidades da criança.

 É também do programa dos Postos de Puericultura difundir o estudo da higiene, da puericultura e dos serviços sociais, sob os auspícios dos corpos médicos, assim como colaborar com os poderes públicos e particularmente com a prefeitura municipal, no sentido de promover, mais eficientemente possível em todo o município, o amparo à maternidade e à infância.

 É pensamento do senhor Floriano Bittencourt, sob cuja iniciativa deve-se a criação do referido posto, efetuar sua inauguração por ocasião da próxima exposição feira, pois os trabalhos de construção acham-se quase em seu término.

 O dr. Orlando Seabra Lopes, delegado do Departamento da Criança da 6ª Região, ligado a este município por laços de família, está vivamente empenhado para que o posto local inicie suas atividades. Ao dr Seabra Lopes deve este município o fato do posto local obedecer ao novo padrão, pois é o primeiro a ser construído dentro das modificações que foram introduzidas nas construções futuras".

Em 23 de novembro de 1957 se encontra:

 Eleita a nova diretoria do Posto de Puericultura de Dom Pedrito (...) em Assembleia Geral realizada no dia 27 de outubro p.p. foi eleita e empossada a nova diretoria da Associação de Proteção à Infância e à Maternidade, para o biênio 57-59, ficando a mesma assim constituída: presidente, Dª  Joana de Assis Brasil Martins; 1º Vice Presidente, Dª Nelsinda Bittencourt; 2º Vice Presidente, Dª Iracema Jardim; 1ª Secretária, Dª Dulce da Fonte Abreu; 2ª Secretária, Srta. Miriam Souza da Fonte; 1ª Tesoureira, Dª Altair Simões Pires; 2ª Tesoureira, Dª Zilá dos Santos Souza; Procuradores, Srs. Argeny Jardim, Januário Simões Pires, Floriano Bittencourt, Guaracy Abbreu e dr. Márcio Bazan.

A arte humanizada

 O painel em frente ao posto, é sem dúvida, o grande destaque da construção. De autoria de Circe Saldanha, a ideia do painel foi proposta após a conclusão da obra. O desenho projetado em escala e as pastilhas feitas em uma firma especializada de São Paulo. O mural, com seus dez metros de comprimento e dois de altura, foi finalmente afixado na fachada principal, na entrada do prédio, dando a humanização adequada àquele tipo de edificação.

 Figurativo, o painel toma como ponto de partida a maternidade com suas implicações. Em primeiro plano, a gestante tricotando as roupas do filho que está por vir, e sugere a ideia de fartura de alimentos idealizada na simbologia da água, do pão, do peixe e da cesta de frutas. Outra mãe, com o filho nos braços, tem próximos de si, o leite e o berço para posterior repouso. A artista não esquece a criança em crescimento, brincando rodeada pelas letras. Enquanto isso, outras mães cercam a profissional da saúde, com seu avental branco, que as orienta e faz os registros nos livros. Neste ambiente acolhedor, carinhoso e singelo, até um pequeno cãozinho mostra-se atento ao que ali se desenrola. Noutro plano, outros símbolos: uma pia batismal e três arcos, simbolizando a fé, a esperança e a caridade. "Deixai vir a mim as criancinhas", é a frase de Cristo, colocada no canto direito do mural, como chamada para a reflexão. Neste contexto, há um derradeiro detalhe a ser analisado e não menos importante. Propositadamente, Circe não desenhou os rostos dos personagens que compõem a cena. Há neste ponto também uma dupla leitura.

 Primeiramente porque a artista não quis identificar, nem raça, nem idade, nem expressões faciais dos personagens. No conjunto, só as silhuetas são significativas, os gestos maternais são importantes. Por outro lado, trata-se de um local de passagem de tantos vultos não identificados, perdidos no tempo. Por isto, o que importou mostrar foi o sentido comunitário e solidário que não tem rosto em sua essência, mas se constroi e está presente em todos os momentos da trajetória humana. Fonte: Teniza Spinelli - Jornalista e Museóloga.

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