PIB do Rio Grande do Sul cai 7% em 2020



Em um ano afetado pela pandemia do novo coronavírus e pela estiagem, a economia do Rio Grande do Sul registrou queda de 7% em 2020. Ainda que o quarto trimestre tenha consolidado uma recuperação em relação ao trimestre anterior (+2,7%), o resultado anual do Produto Interno Bruto (PIB) somou R$ 473,419 bilhões (6,4% do PIB nacional) e foi fortemente afetado pelo desempenho negativo da Agropecuária, que caiu 29,6% no ano. Os números do Estado, a maior queda da série histórica, ficaram abaixo dos registrados no Brasil, que encerrou 2020 com queda de 4,1% no PIB.

Durante a divulgação, os pesquisadores do DEE apresentaram uma estimativa de resultado do PIB que desconsiderava o impacto da estiagem na agropecuária e na atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, as mais afetadas pelo fenômeno climático. Caso as duas áreas tivessem crescido à mesma taxa do Brasil, o PIB do Rio Grande do Sul teria apresentado uma queda aproximada de 4,3%, similar ao número do país.

Quando considerado apenas o quarto trimestre de 2020, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, o PIB apresentou alta de 2,7%, com destaque para Indústria (+1,8%) e Serviços (+1,6%). Ante igual período de 2019 a variação ainda ficou negativa em 2,1%.

O resultado do acumulado do ano e do quarto trimestre de 2020 foi divulgado nesta quarta-feira (17/3) pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG), em live com a participação do titular da pasta, Claudio Gastal.

De acordo com os pesquisadores do DEE, os números podem ser explicados pelo desempenho da economia no primeiro semestre. Além da safra – que sofreu os efeitos da estiagem – ter mais peso no período, esse também foi o momento em que a pandemia teve maiores repercussões econômicas em função das restrições, que foram mais acentuadas no segundo trimestre do ano.

Acumulado do ano


Em 2020, além da queda expressiva na Agropecuária, entre os três grandes segmentos da economia a Indústria (-5,8%) e os Serviços (-4,8%) também registraram baixas.

No campo, a estiagem foi a causa para a queda na produção das principais culturas, entre elas Soja (-38,9%), Milho (-26,7%) e Fumo (-22,7%). Como destaque positivo, a cultura do Arroz, que conta com irrigação, teve alta de 8,3% na produção.

Na Indústria, todas as atividades registraram desempenho negativo em 2020, entre elas Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (-13,7%), Construção (-8,1%) e Indústria de transformação (-3,9%). Esta última, a de maior representatividade na economia do Estado, foi a única a registrar queda menor do que a do país no mesmo período (-3,9% contra -4,3% do Brasil).

Entre as atividades industriais, as principais quedas foram nos setores de Couros e calçados (-21,9%), Veículos, reboques e carrocerias (-21,9%) e de Móveis (-10%). Produtos do fumo (+8,9%), Produtos de metal (+8,8%) e Celulose e papel (+5,3%) registraram desempenho positivo.

No setor de Serviços, o Comércio (-5,4%) e Outros Serviços (-12%) puxaram a queda. Considerando apenas as atividades comerciais, 2020 terminou com resultado positivo para o segmento de Material de construção (+8,4%), Hipermercados e supermercados (+5,9%) e Artigos farmacêuticos, de perfumaria e cosméticos (+4%). As principais baixas no Comércio foram em Tecidos, vestuário e calçados (-28,8%), Veículos automotores (-20,2%) e Combustíveis (-9,4%).

O PIB per capita em 2020 foi de R$ 41.449,67, queda real de 7,4% em relação a 2019.

Perspectivas

Para 2021, a produção agrícola deve apresentar importante recuperação, principalmente em função do aumento da quantidade produzida de soja. “Por outro lado, a retomada de ações mais restritivas para o combate à pandemia deve impactar negativamente os números já no primeiro trimestre", destaca o pesquisador do DEE Martinho Lazzari.

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