A reportagem do Folha conversou com o agente epidemiológico do Ministério da Saúde que atua no município, Guiomar Vargas, que há meses busca conscientizar a população quanto ao perigo oferecido pelo mosquito. Ele destaca que, em função das chuvas, a tendência é aumentar a proliferação do mosquito. "Encontramos mosquitos até na nossa praia. Isso é um sinal que o Aedes não está apenas nas residências", alerta Vargas.
Outra preocupação do agente são as bocas de lobo que, segundo ele, acabam acumulando água limpa, oferecendo um criatório ideal para as larvas do mosquito. "Em algumas situações nossa equipe foi chamada em residências da zona central, onde mosquitos adultos haviam sido capturados. No entanto, não encontramos focos do inseto. Após diversas buscas, verificamos que os mosquitos estão saindo de dentro das bocas de lobo. Existe um espaço entre o fundo do bueiro e o cano que dá escoamento às águas. Esses espaços acabam acumulando água limpa e favorecendo a reprodução do inseto, consequentemente, com as chuvas, o mosquito se espalha pela rede", explica.
A maior dificuldade da equipe, afirma Guiomar, é quanto a dificuldade da equipe ter acesso às bocas de lobo. "A grande maioria dessas caixas é inacessível. É praticamente impossível realizar a coleta das larvas nesses pontos. A prefeitura precisa encontrar uma alternativa, nivelando esses espaços que há entre o solo e os canos para que não haja acúmulo de água, por exemplo. Além disso, a instalação de telas de contenção pode ser outra opção viável, se não, a infestação pode atingir índices incontroláveis", manifesta.
"No ano passado, segundo Guiomar, foram realizadas um total de 20.090 visitas em imóveis, sendo coletadas 378 amostras de larvas de mosquitos. Destas coletas, apenas 10 amostras foram de Aedes Aegypti. Várias pessoas coletaram mosquitos adultos, na maior parte no centro da cidade. Não estou criticando o poder público, pois esse problema vem de décadas", complementa.
Guiomar destaca que foram encontrados 12 focos do mosquito - oito em residências, dois em borracharias e dois em pontos estratégicos. "O que mais nos preocupa é que o mosquito tem se espalhado rapidamente e, cada vez que chove, precisamos renovar o alerta. Após as chuvas seria necessário aplicar larvicida em pontos de acúmulo de água, entretanto, esse trabalho demanda bastante tempo e tem um custo elevado", enfatiza.
Por fim, o agente alerta para que as pessoas redobrem os cuidados com a prevenção de acúmulo de água. "Uma tampinha de garrafa que acumule água da chuva já se torna um criatório para o mosquito e precisamos evitar ao máximo essas situações. Também reitero meu apelo ao poder público para que dê atenção às bocas de lobo, até porque, não adianta os munícipes tomarem todas as medidas de prevenção e terem o mosquito se reproduzindo na frente das suas casas", finaliza.
0 Comentários