'Dor que não vai acabar nunca', diz homem que perdeu filha de 22 anos por coronavírus no RS

Fotos: divulgação/G1

Uma família de Dom Pedrito, enfrenta a perda de uma jovem, de 22 anos, por coronavírus. Larissa Tarouco Mello estava internada no Hospital Conceição, em Porto Alegre e morreu no domingo (26). A confirmação de Covid-19 só veio na terça (28). A reportagem é do G1/RS.

Larissa é a paciente mais jovem a morrer da doença no RS.

"É uma dor que não vai acabar nunca, pode dar uma aliviada, mas não vai acabar. Com o tempo, a gente vai ir levando", afirma o pai João Batista Madruga Mello, de 46 anos.

"É complicadíssimo. A gente aqui, agora, está só nós, aí a gente vai mexendo no guarda roupa dela, vai mexer no quarto. Tem as fotos dos jogos de futebol dela".

O pai conta que a filha foi diagnosticada com leucemia em outubro. Larissa precisou ser internada, várias vezes, no Hospital Conceição, em Porto Alegre, para fazer as sessões de quimioterapia e todo o tratamento da doença.

Em fevereiro, após terminar o tratamento, a jovem retornou novamente para Dom Pedrito, onde morava com os pais e o irmão.

"Ela disse 'tô bem, pai', estava alegre, contente, caminhando. Ela era uma guria forte. Ela tinha terminado todo o processo das quimioterapias, só precisava realizar as consultas de revisão", conta o pai.

No início de março, Larrisa apresentou febre após retornar de uma consulta em Porto Alegre.

"Ela usou o banheiro do hospital quando foi na consulta de rotina, e o pessoal acha que ela pode ter pego alguma coisa. Quando ela voltou para casa, ela começou com 39ºC de febre. Levamos ela no hospital aqui de Dom Pedrito. Ela começou a ter dor para urinar, e viram que ela estava com uma bactéria. Precisou ser encaminhada novamente para o hospital de Porto Alegre".

O pai conta que a jovem precisou fazer uma cirurgia devido à infecção.

"Os médicos disseram que essa cirurgia era complicada. Mas ela se recuperou bem. Já estava cicatrizando, quando ela começou a apresentar faltar de ar, dor no peito".

Os médicos realizaram uma tomografia no dia 18 de abril. Constataram, com o exame, que havia uma inflamação em volta da membrana que envolve o pulmão.

"Tiveram que fazer mais uma cirurgia, mas foi feita por vídeo. Viram que havia também um coágulo no pulmão, que tiveram que tirar", conta o pai.

Após a cirurgia, Larissa foi entubada e respirava com a ajuda de respiradores. Dias depois, a equipe médica disse à família que havia a suspeita de que a jovem tivesse coronavírus. Ela foi isolada, e os pais não puderam mais realizar visitas à filha no hospital.

"No domingo, me ligaram, fui até o hospital e me falaram que ela não resistiu. Soubemos da confirmação do coronavírus ontem [terça]. O que me conforta é que ela lutou, os médicos diziam que ela era uma guerreira", relata o pai.

Os pais e o irmão de Larissa, que completou 12 anos na terça-feira, permanecem em isolamento domiciliar, até semana que vem, por terem tido contato com a jovem. João disse que agradece ao atendimento e o carinho que a filha sempre recebeu.

"Nos trataram muito bem, os profissionais de saúde tratavam ela como se fosse da família. Eu sabia que quando eu saía, eles cuidavam ao máximo dela, com carinho, com amor. São pessoas que vão ficar para sempre na nossa lembrança".

"O que me conforta é que o que ela pode lutar, ela lutou. Tudo que ela passou, a leucemia, essas cirurgias que ela fez. Ela era uma jovem muito querida, o pessoal da cidade, todo mundo que conhecia ela, tem um carinho muito grande".
G1 RS

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