Silvio Bermann


 A Unipampa promoveu, no dia 15 de março passado, a 1ª Reunião Ordinária do Conselho de Campus Dom Pedrito, ocasião em que registrou, nas palavras do diretor Thiago Beuron, “Moções de Aplauso, Reconhecimento e Agradecimento a algumas pessoas que contribuíram e ainda contribuem para o funcionamento e consolidação da instituição no município”.

 “As homenagens, aprovadas em plenária ainda no ano 2018, são uma forma de reconhecimento aos agentes que sempre estão à disposição da Unipampa. Entre os nomes, estavam o senhor Francisco Alves Dias (Chiquinho) que muito contribuiu com o momento de instalação da universidade no município, na doação das áreas e em diversos momentos como membro externo em representações institucionais. O casal Márcio Reginaldo Froehlich e Cristiane Correa Paz, que abrem sempre as portas de sua propriedade para receber os alunos de todos os cursos. E ainda, a sra. Rosemeri Martins dos Santos (vereadora pelo Progressistas), sempre presente e disposta a contribuir nos eventos e projetos da Universidade”, destaca o diretor Beuron.

 Agora quero eu, mais uma vez, referir-me ao meu saudoso amigo Chiquinho, a quem considero como uma das maiores referências em se tratando de homem público, competente, íntegro e – talvez seu maior atributo -, simples e humilde. Não a simplicidade que desqualifica nem a humildade que desmerece, mas aquelas que elevam os grandes homens de valor que não apreciam bajulações nem utilizam de meias palavras para defender o que é certo.

 Aos que agradecem, sensatamente, pela vinda da Unipampa para Dom Pedrito, fique o registro que, inobstante o mérito do governo federal para que isso acontecesse, foi decisiva a participação local de nosso então prefeito para viabilizar tal empreendimento. Em setembro de 2005 Chiquinho foi convidado, juntamente com outros chefes de Executivo de municípios onde a Urcamp tinha seus campus, para ir até a Reitoria da UFPel (Universidade Federal de Pelotas), onde Chiquinho compareceu juntamente com seu então secretário de Planejamento, Leonardo Castilho, para uma reunião com o reitor César Borges, da UFPel, onde foi comunicado aos gestores sobre o projeto de criação da Unipampa. A intenção era a criação de uma universidade federal em substituição à ideia de federalização da Urcamp, que enfrentava problemas financeiros (hoje, felizmente, superados).

 Concedia-se, assim, pouco mais de uma semana aos prefeitos para que destinassem áreas municipais que abrigassem a Unipampa. Municípios que assim não procedessem, não ganhariam um campus. Foi decidido, então, oferecer a área do antigo aeroporto, onde hoje a Universidade se encontra. Todos os trâmites legais e burocráticos foram vencidos pelo governo Chiquinho com a agilidade e competência que caracterizaram aquela administração que se notabilizou por ser menos política e mais técnica. Ao ponto de, no final de 2005, a área ter sido registrada para o MEC, e durante o ano 2006 já serem realizadas as licitações e os projetos do novo campus terem sido iniciados pela UFPel.

 A história não parava por aí. Enquanto o campus era construído a universidade já tinha que possuir um local provisório para funcionar. Novamente, a administração municipal foi ágil e conseguiu a cedência do prédio do antigo Fórum, transferindo para ali a Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Smec), enquanto que o prédio originalmente da Smec foi liberado para abrigar o campus provisório.

 Já transcorria o ano 2007 e mais uma vitória foi convencer as autoridades envolvidas no processo de instalação da Unipampa de que Dom Pedrito deveria abrigar, pelo menos inicialmente, cursos voltados para nossa maior vocação – a agropecuária -, já que a intenção era de nos oferecerem cursos voltados à área da Saúde.

 O arquiteto Leonardo Castilho, que na época era secretário de Planejamento do município, sintetiza bem o significado de tudo o que foi aqui descrito, quando afirma: “Sem essa mobilização toda, a decisão que ele tomou de fornecer essas condições para que a Unipampa aqui se instalasse, nós provavelmente não teríamos um campus federal em Dom Pedrito. Foi um ato muito grandioso, do tamanho do nosso prefeito”.

 Acrescento eu: a dimensão de importância da Universidade Federal do Pampa, para nosso município e região, é diretamente proporcional à grandeza do homem público que foi Francisco Alves Dias. E esse campus que aí está, nos enchendo de orgulho, proporcionando oportunidades de crescimento pessoal e profissional aos nossos jovens, tem aquele carinho que costumamos dispensar aos que amamos, tratando-os no diminutivo, como se fossem as crianças que gostamos de acarinhar em nossos lares. Assim como nos referimos àquele homem alto e magro, de olhar penetrante, cabelos grisalhos e sorriso tímido, que para nós será, sempre e simplesmente, “Chiquinho”. Saudades do guerreiro que se foi, mas nos deixou seu legado. Carpe diem!

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