Irmã Amélia: em Dom Pedrito a voz do povo não foi a voz de Deus


 A notícia da transferência da irmã Amélia Lain para a cidade de Uruguaiana aconteceu por vias indiretas, como tem sido a conduta da congregação que administra a Escola do Horto. Em uma publicação em sua página no facebook, ela aparece na rodoviária com suas malas, prestes a embarcar, fazendo o agradecimento: "Neste momento estou partindo para Uruguaiana. Do povo pedritense já sinto muita saudades mas as circunstâncias não me permitiram permanecer em Dom Pedrito. A todos o meu abraço e meu agradecimento por todas manifestações e carinho e gratidão que recebi nesses últimos dias. Um dia ainda nos encontraremos. Abraço carinhoso de modo especial a todas as pessoas que lutaram para eu permanecer ali". Parece realmente uma despedida. Ainda com relação à mobilização em si, os representantes se ressentem de não terem tido, por parte da direção da escola, o apoio que imaginaram que iriam receber. Nos dias que se seguiram, irmã Amélia ainda estava muito emocionada com o desfecho da história que, afinal de contas, surpreendeu ela mesma, que ao que parece, ainda esperava que a mobilização da comunidade fosse capaz de reverter a situação. A comissão que ainda está mobilizada, agora vai recorrer a outras instâncias. Irmã Amélia concedeu entrevista ao programa Primeiro Jornal da rádio Upacaraí, na quinta-feira (25). Muito emocionada, agradeceu todas as manifestações de carinho e afeto recebidas nesses últimos tempos, por conta da notícia de sua transferência. Disse, entre lágrimas, que foi muito bem recebida em Uruguaiana, mas que seu coração ainda pulsa forte por Dom Pedrito. 

 Em sua fala, foi possível perceber uma certa tristeza em relação à própria congregação a que pertence, e que diante da abertura de pensamento que a Igreja Católica vem tendo através do papa Francisco, e diante do clamor de toda uma cidade, como no ditado que diz que "a voz do povo é a voz  de Deus" pensava, sim, que pudesse haver maior compreensão e flexibilidade das superioras com relação ao seu caso, que, diga-se de passagem, não é comum. Irmã Amélia referiu com decepção o fato de que pessoas de dentro da própria escola dificultaram o seu retorno, pessoas que estariam hoje no Horto, justamente por sua intercessão, "mas em breve receberão sua recompensa, pois Deus é pai, misericordioso e bondoso, mas também é justo", frisou a irmã, que espera, ainda, voltar um dia à escola, nem que seja para uma visita. É possível que este desfecho tenha manchado, de alguma maneira, a imagem da Escola, visto que, a congregação optou por seguir um conduta digna da igreja da idade média, onde os tribunais do santo ofício determinavam o destino das pessoas. A Escola perdeu uma referência moral que talvez seja difícil recuperar. Já a congregação,  perdeu a chance de mostrar a sua grandeza como instituição e carregará esta mácula, sabe-se lá por quanto tempo.

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1 Comentários

Zeforni disse…
Qual a autoridade do (a) escritor para fazer esse tipo de comparação? A vida religiosa tem suas complexidades e especificidades. Uma delas é a “obediência”. Outra é o serviço à comunidade. E isso não está circunscrito a um lugar só. Acatar uma ordem de transferência, especialmente quando há motivos de organização, é fato corriqueiro na vida religiosa. Comparar um ato de organização interna da congregação à uma prática medieval é usar da palavra para disseminar a discórdia e os podres pessoais. Poderia ter gasto seu tempo em elogiar e desejar paz e harmonia no seu novo destino. Aliás, as expressões da religiosa não foram no sentido de ter sido vilipendiada. Mas sim de sua relação afetiva com a comunidade. Figura que esse veículo de comunicação acaba de conspurcar pois coloca a religiosa como figura passiva. Um desserviço.