Cotrijui, em liquidação judicial, inicia pagamento de credores após decisões judiciais


Cooperativa Agropecuária e Industrial (Cotrijui), que já foi a maior cooperativa da América Latina, está em processo de liquidação judicial desde 2018. Após decisões recentes da Justiça, os credores da cooperativa começarão a receber pagamentos. A cooperativa, que enfrentou graves problemas financeiros ao longo dos anos, teve sua situação agravada por dívidas trabalhistas, tributárias e inadimplência com associados e fornecedores.

Inicialmente, será destinado cerca de R$ 10 milhões para o pagamento de aproximadamente 1,2 mil ex-funcionários, provenientes de arrendamentos e do resultado da rede de supermercados. O processo de liquidação, conduzido pela Brizola e Japur, nomeada pela Justiça, busca avançar com a venda de outros bens para quitar dívidas que totalizam aproximadamente R$ 50 milhões.


A Cotrijui, sediada em Ijuí, no noroeste do Estado, entrou em colapso nos anos 2000, acumulando passivos trabalhistas, tributários e dificuldades de pagamento a associados e fornecedores. A cooperativa, que não pode ir à falência por ser uma entidade cooperativa, está passando pelo processo de liquidação judicial para lidar com sua dívida de R$ 3,5 bilhões, afetando 11,5 mil credores.


O presidente da Brizola e Japur, Rafael Brizola Marques, destacou que a expectativa é utilizar os ativos avaliados em R$ 350 milhões para quitar as dívidas. A gestão da Cotrijui foi marcada por disputas internas, rachas entre associados e a decisão de entrar em liquidação extrajudicial em 2014, sob a presidência de Vanderlei Fragoso. No entanto, a liquidação não resultou em melhorias, e a dívida da cooperativa cresceu nos anos seguintes, culminando no atual processo de liquidação judicial.


Com dívidas acumuladas ao longo dos anos 2000, de passivos trabalhistas e tributários a não pagamento de associados e fornecedores por frustrações de safra ou problemas de gestão, a Cotrijui ainda figurava como uma das maiores cooperativas agropecuárias do Estado em 2014 – quando entrou em processo de liquidação voluntária (extrajudicial). O faturamento, na época, era superior a R$ 1 bilhão. De lá para cá, os negócios foram diminuindo ano a ano, não passando de R$ 350 milhões em 2017.


A situação da Cooperativa entrou em colapso após uma das disputas mais acirradas da sua história. Na época, em 2012, Vanderlei Fragoso, de Santo Augusto, montou uma chapa de candidatura de oposição e retirou do cargo então presidente Carlos Poletto, que estava a 18 anos na função. A disputa, uma das mais acirradas da história da cooperativa, provocou um racha entre os associados.


Alguns associados chegaram a propor uma gestão compartilhada entre oposição, situação e uma terceira via, no entanto, essa proposta foi rechaçada pelas lideranças na época e acabou com a vitória de Fragoso. Fragoso prometia colocar a casa em ordem, mas isso passou longe de acontecer.


Fragoso assumiu a Cotrijui prometendo dias melhores aos produtores, endividados e descontentes com os débitos acumulados — ao redor de R$ 1 bilhão até então. A principal ação foi entrar em liquidação extrajudicial.


A ação acabou sendo mais prejudicial do que benéfica. Sem renegociar com credores e produtores e com uma gestão marcada por polêmicas, tendo diretores ganhando salários acima de R$ 40 mil, a Cotrijui viu sua dívida quase dobrar em quatro anos. Hoje a dívida é avaliada em R$ 2,5 bilhões.


Jornal Província 




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