De DaKar a Dom Pedrito - a história de um imigrante senegalês

De DaKar a Dom Pedrito - 
a história de um imigrante senegalês
Abdou Lahat Fall

 Não é novidade para nós, brasileiros, a questão da imigração, afinal de contas, o Brasil é um país formado essencialmente pela imigração de povos de diferentes partes do mundo, literalmente. Todos, sem exceção, são descendentes de portugueses, espanhois, alemães, italianos, franceses, sem falar na imensa imigração forçada de diversos países africanos que foram escravizados. Muitos outros povos deveriam ser citados, mas seria desviar o objetivo desta reportagem, que é falar um pouco sobre um ilustre trabalhador oriundo de Dakar, no Senegal.

 Trata-se de Abdou Lahat Fall, um imigrante do Senegal, que está há quase dois anos no Brasil, destino que tem sido comum aos senegaleses, e há pouco mais de um mês em Dom Pedrito, e pode ser visto todos os dias com sua banca na esquina da Rua Barão do Upacaraí com José Bonifácio.

 Nossa conversa foi na calçada onde ele trabalha mesmo. Com um pouco de esforço de ambas as partes vencemos as barreiras linguísticas e conseguimos conversar um pouco. Entre perguntas reformuladas, gestos e risadas, nós, do Folha da Cidade e Abdou conversamos um pouco e, agora, compartilhamos com os leitores mais uma história de sonhos, lutas e superação.

 Abdou tem 27 anos e veio de avião até Porto Alegre, onde ficou trabalhando até vir para a Capital da Paz. Como acontece com todos os imigrantes, nosso entrevistado veio para cá em busca de melhores condições de vida, no caso dele, o trabalho melhor remunerado foi o motivo de sua vinda, visto que, segundo informações suas, no Senegal há muita pobreza e desigualdade, e as dificuldades, acreditem, são maiores do que aqui. Com seu trabalho, Abdou ajuda a família que ficou na terra natal, o pai, a mãe e irmãos. A maior dificuldade enfrentada por ele, foi sem dúvida a língua portuguesa, problemas como racismo, ele enfrentou somente um caso pontual com seu antigo patrão em Porto Alegre, e foi este um dos motivos que o fizeram vir para nossa cidade.  Como ele chegou a Dom Pedrito? Bom, Abdou contou que tem um amigo, também senegalês, em Rosário do Sul, que fez, então, a ponte para que ele conhecesse e viesse para cá. No país de origem o idioma falado é o Wolof. Em seu depoimento, Abdou afirmou ter gostado muito do Brasil e sua situação está legalizada. Ele tem inicialmente uma autorização fornecida pela Polícia Federal com validade de um ano, que pode ser renovada. Ele pretende renovar o seu visto por mais dez anos e confessou que não pretende voltar à sua pátria. Em sua chegada a Dom Pedrito Abdou ficou em um hotel, mas o seu gasto com a moradia e alimentação consumiam toda a sua renda. Por esses fatores do destino, ele se encontrou com um outro conhecido comerciante da cidade, o Mohamed, ou o Mamed da Kibarato, como é mais conhecido. Por comungarem da mesma religião, o Islamismo, entre outros fatores, Mohamed ofereceu ajuda a Abdou, desde então ele mora em um local a ele cedido em troca do pagamento de algumas despesas apenas, como água e luz.

 Em um apanhado ligeiro, este é um pequeno relato de um destemido imigrante que como tantos outros já o fizeram, escolheu o Brasil para viver e reconstruir a sua vida. Abdou, a exemplo de tantos que aqui mesmo em Dom Pedrito, chegaram para trabalhar, vem agora, para o outro lado do atlântico, com sua vontade, deixando para trás sua terra, sua família, em busca de um sonho, de um ideal que lá não pode ser realizado. 
Sucesso, Abdou!

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