Coluna Espírita

Reflexões sobre a Eutanásia

 A eutanásia é um desses temas polêmicos que causam grande alarido quando vem à tona. Trata-se de dar fim à existência material de um ser vivente tendo como justificativa abreviar seus sofrimentos. São inúmeros os casos em que se discute a legalidade de uma ação dessa natureza. Existem situações em que o pedido parte da própria pessoa alvo. O tema envolve questões legais, científicas e religiosas. Na maioria dos países, o procedimento que antecipa a morte de uma pessoa a pretexto de piedade sob suas dores, é ilegal, salvo por decisões judiciais igualmente polêmicas ou mesmo de forma clandestina.

 A ciência igualmente perde-se em discussões, de quando começa a vida até quando ela não mais existe em um corpo, resultando daí suas implicações legais. A religião tradicional, apesar de ter sua opinião formada, emite seus pareceres de forma impositiva dizendo tão somente que a eutanásia é contrária às leis de Deus, o que hoje é insuficiente para as nossas mentes questionadoras. Partindo do princípio de que o ser faz sua evolução através de milenares encarnações, somos fatalmente levados a um raciocínio mais abrangente. Já nos referimos em outras oportunidades às provas e expiações. Dizíamos que ambas constituem mecanismos da lei de causa e efeito em que colhemos hoje o resultado da semeadura do passado.

 Assim, muitas dessas ocorrências onde vemos apenas sofrimento e dor retratando o que julgamos injusto por parte do criador, são na realidade, provações e expiações em que o espírito aceitou voluntariamente o fardo ou foi direcionado, quando este não dispõe de meios de avaliação. Pelo caráter das situações envolvendo indivíduos em que é indicada a eutanásia, observa-se uma situação expiatória. Pode parecer cruel, se analisado superficialmente, mas na literatura espírita séria, os testemunhos apresentados pelos espíritos que conseguiram cumprir resignadamente sua pena, são comoventes e esclarecedores. Agradecidos, referem-se eles ao período doloroso como uma bênção, uma escola, algo que se imprevidentemente puséssemos um termo, lhe acarretaria um adiamento em suas conquistas morais. Não se trata apenas de ser algo contrário à criação divina, é antes de tudo, o resgate das faltas cometidas pelo espírito em encarnações anteriores. Ao materialista que somente vê o corpo, essas palavras perecerão sem sentido. Cabe-nos, no entanto, nesses instantes supremos, minorar o quanto pudermos os sofrimentos alheios, porém jamais abreviar a vida, mesmo que em um minuto. A esse propósito, notemos o que nos diz Emmanuel em sua obra O Consolador:

 "O homem não tem o direito de praticar a eutanásia, em caso algum, ainda que a mesma seja a demonstração aparente de uma medida benfazeja. A agonia prolongada pode ter a finalidade preciosa para a alma e a moléstia incurável pode ser um bem, como a única válvula de escoamento das imperfeições do espírito em marcha para a sublime aquisição de seus patrimônios da vida imortal. Além do mais, os desígnios divinos são insondáveis e a ciência precária dos homens não  pode decidir nos problemas transcendentes do espírito." 
Pensemos nisso!

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