Demétrio José Xavier - o Barão do Upacaray


 Raros de nós saberíamos dizer quem foram esse personagens que hoje dão nome às ruas de Dom Pedrito. São barões, coroneis, generais e outros tantos títulos e postos de pessoas que em um passado recente ou distante, por sua importância ou feitos relevantes, são conhecidos apenas como a rua pela qual gostamos de passear, a rua em que trabalhamos ou moramos, mas na verdade, quem foram, realmente, essas pessoas, o que elas fizeram para merecer ter uma rua com o seu nome, ah, isso poucos de nós sabemos.

 Conhecedores de uma parcela de suas vidas, poderemos, com mais lucidez, apreciar os lugares por onde andarmos, poderemos, enfim, saber de quem estamos falando quando pronunciarmos o nome desta ou daquela rua. Continue, então, nos acompanhando nesta viagem ao passado de Dom Pedrito. As informações  a seguir, foram tiradas do livro "Vultos de Minha Terra" de 1925, de autoria de Lucio da Silva, um dos pseudônimos de João de Deus D´Mutti, que gentilmente nos foram cedidos por Adilson Nunes de Oliveira, diretor do Museu Paulo Firpo.

 Varão ilustre de tradicional família do nosso município, o coronel Demétiro José Xavier é um dos vultos de mais relevo na história de Dom Pedrito. Ele nasceu em 1812 no município de Herval. Filho do agricultor Manoel José Xavier, em cuja companhia viveu até os quinze anos,empregou-se depois, na vizinha cidade de Bagé, na casa comercial de Ignácio de Assis Gravana, em cujo meio, por sua conduta exemplar e contratação ao trabalho, adquiriu particular estima e ilimitada confiança de seu patrão.Tendo seu patrão abandonado a vida comercial, para cuidar de sua fazenda de criação de gado, levou consigo o jovem caixeiro e aproveitou ainda, seus bons serviços, como seu capataz. Mais tarde, o esforçado capataz arrendou parte da fazenda, iniciando sua pequena criação de gado.

 Falecendo, no ano de 1835, seu patrão Ignácio, a sua viúva, d. Constantina, que depositava em seu capataz a mesma confiança de seu finado marido, entregou-lhe a administração da Fazenda Mello, que possuía contígua àquela de sua morada.Contava, nesse tempo, Demétrio José Xavier, apenas 23 anos de idade e foi distinguido ao posto de alferes, por eleição, como eram eleitos os oficiais da Guarda Nacional, naquela época. Poucos meses depois, rebentou a revolução nesta província.  Educado desde a infância nos princípios monarquianos, elevou-se logo nessa luta sangrenta, apresentando-se ao serviço da legalidade, onde serviu com inexcedível dedicação e bravura, nesses 10 anos de infausta jornada guerreira. Extremamente bondoso e sincero, não só para os seus superiores como para aqueles que lhe estavam subordinados, o jovem alferes conseguiu fazer-se querido e respeitado no exército imperial.

 ...Tomou parte no combate de S. Felippe, onde recebeu um ferimento de lança, logrando escapar milagrosamente de cair nas mãos do adversário. Foi, porém, preso em São Gabriel, onde apresentado ao general Canabarro, este apertou-lhe a mão, dizendo: “Que não era de seu costume estreitar a mão aos inimigos da causa sagrada da República, mas que a de Demétrio não duvidava fazê-lo, porque não só o conhecia e apreciava as suas nobres qualidades, como tinha notícia do modo paternal porque ele costumava tratar os prisioneiros farrapos, que caiam em poder das forças legalistas”. Gozando de particular confiança e estima do general Lima e Silva, quando se promoviam os meios de pacificação da província, foi Demétrio José Xavier, já então capitão de patente, o oficial escolhido para levar ao chefe republicano os ofícios referentes à pacificação. Terminada a revolução, foi dispensado, a muita instância, do serviço, por Caxias, a quem fez ver que sua fazenda carecia de seus cuidados. O ilustre general, atendendo benignamente, às razões opostas pelo fiel e valente capitão, dispensou-o do serviço e estreitando-o em um afetuoso amplexo, disse-lhe: “Demétrio, até a volta, que parece, não demorará muitos anos, conto sempre contigo”.

 ...Agitada, no Brasil, a causa da abolição da escravatura, o ilustre cidadão, à frente de vários importantes homens desta terra, organizou um clube abolicionista, do qual lhe foi confiada a presidência e cujos trabalhos foram de tanto valor que, ao dar-se a última matrícula de escravos, neste município, antes da Lei Áurea de 13 de maio de 1888, foi ela encerrada sem a inclusão de um só escravo. O conselheiro Silveira Martins, visitando, uma vez a nossa terra, e falando ao coronel Demétrio, após a sua elevação ao título de barão, lhe disse: “Demétrio, fiquei triste quando vi mudar-te o nome, tão popular, pelo de barão de Upacarahy. Eu, se fizesse barões, nomear-te-ia – Barão da Caridade. Era esse o título que te cabia”. Faleceu o venerando cidadão, no dia 6 de julho de 1889, na sua fazenda, no 4º distrito deste município, às 7h45min da manhã.

 Confira a matéria completa na edição impressa do Folha da Cidade de 24 de fevereiro.

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1 Comentários

NELTON MARTINS disse…
parabéns pela informação uma vez perguntei ao professor de historia quem foi barão do Upacaray ele me informou vagamente um abolicionista esta matéria da detalhes importante da vida deste ilustre cidadão. gostaria DE SABER QUEM FOI CORONEL URBANO DAS CHAGAS SEMPRE TIVE CURIOSIDADE ESTUDEI NESTA ESCOLA E NÃO SE TEM INFORMAÇÃO DE QUEM FOI OBRIGADO MORO NA BAHIA