Por que após sete enchentes, Dom Pedrito está na iminência de decretar Situação de Emergência pela falta de água?

Por que após sete enchentes,
Dom Pedrito está na iminência de decretar
 Situação de Emergência pela falta de água?

 Essa é a pergunta feita por inúmeras pessoas, após algumas matérias publicadas aqui no Folha. E é de se perguntar mesmo. Como, depois de um dos anos mais chuvosos da história de Dom Pedrito, a cidade pode estar vivendo uma situação dessas? Bom, a resposta é simples, apesar de ser formada por diversos fatores.

 O primeiro deles diz respeito a um fator natural, quer dizer, o Rio Santa Maria, notadamente o trecho percorrido em nosso município, é abastecido quase que em sua totalidade por água pluvial, isto é, água da chuva, com as vertentes naturais representando uma pequenina parcela de seu volume. Então, mesmo depois de sete enchentes, toda essa água escoou naturalmente até não restar mais que um filete de água em alguns pontos. Mas será que foi sempre assim? Provavelmente não. É sabido que ao logo de décadas de exploração sem controle algum, o rio sofreu as consequências: assoreamento, desmatamento das margens, retirada irregular de areia, fizeram com que nosso principal fornecedor de água ficasse nesta situação agonizante.

 O segundo, e que já está amplamente confirmado, é a falta de investimento da Corsan no primeiro recalque - o posto de bombas, não só este ano, mas ao longo de muitas décadas. Despreocupada com esta questão, visto que a Barragem da Serrinha cumpre um papel de suma importância, a Corsan foi adiando o quanto pode as melhorias necessárias na infraestrutura de captação de água do rio, até que a comunidade, por muitos de seus representantes de classe, notadamente a imprensa, resolveu escancarar as irregularidades da Companhia.

 O terceiro fator é que o barramento junto ao balneário Passo Real, devido às frequentes enchentes, foi parcialmente destruído, o que contribui para que o nível da água no ponto de captação fique mais baixo.

 O quarto fator é que devido aos seguidos atos de vandalismo junto ao posto de bombas, a Corsan jogou a toalha, parece que desistiu de consertar aquelas instalações, passando a se servir somente da água da Barragem da Serrinha, que, com a chegada das temperaturas mais altas, teve o consumo aumentado, e por consequência, seu nível e qualidade também diminuíram. Assim, o reservatório que deveria ser utilizado somente em situações emergenciais, teve o seu volume comprometido devido ao mau planejamento da Corsan.

 Depois de muita cobrança de toda a comunidade pedritense, parece que a Corsan começou a se mexer. Semana passada, uma guarita começou a ser construída para que haja vigilância 24 horas; informações dão conta de que serão instaladas bombas flutuantes, resolvendo, assim, o problema das inundações, até que seja construída uma câmara seca para a colocação das bombas, investimento que já tinha sido anunciado em agosto deste ano. Estas são, em síntese, algumas explicações de porquê a cidade corre o risco de ter o abastecimento de água comprometido neste final de ano. Que fique o ensinamento, que o poder público, neste caso, a prefeitura, cobre com mais energia o cumprimento do contrato que a Companhia tem firmado com o município.

Mau cheiro da água nas Torneiras

 Além da baixa pressão registrada em algumas localidades, agora o mau cheiro da água tem sido registrado por alguns consumidores. A explicação é, também, bastante óbvia. Não se trata de algum erro no tratamento ou de contaminação por algum produto, mas, simplesmente uma consequência do que havemos dito nas linhas anteriores. Como a cidade vem sendo abastecida somente pela Barragem da Serrinha e esta, conhecidamente, tem um teor de manganês elevado, que acaba se concentrando na medida em que o nível vai baixando, entre outros fatores, como a proliferação das algas, por exemplo. Assim, a água que chega na ETA - a hidráulica, sendo de qualidade inferior, mais produtos químicos são necessários para deixar a água potável, consequentemente, um sabor característico é inevitável. Mais uma vez, se os investimentos necessários tivessem sido feitos, isto não estaria acontecendo.

O protesto de um consumidor

 Há meses, precisamente desde janeiro deste ano, quem passa pela Rua Júlio de Castilhos, pode ver uma faixa de protesto direcionada à Corsan.

 Naquela época, o Folha da Cidade entrevistou o consumidor, que, insatisfeito com o procedimento da Companhia, e depois de recorrer à todos os órgãos competentes, resolver protestar da única maneira que encontrou. "Cansei, já fui em todos os órgãos, cansei. A Corsan veio na minha casa e enquanto não tirou o contador de dentro da minha casa não descansou. Eu disse que não ia gastar, aí eles tiraram por conta. Agora eles chegam aqui na minha casa e cortam a água. Me cortaram a água há 1 mês atrás com a conta paga e me deixaram uma semana sem água", declarou o consumidor à nossa reportagem em janeiro.  O questionamento que se impõe, diante deste e de outros casos que ficam na obscuridade é o seguinte: Este consumidor, não estará com a razão?

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