Trens em Dom Pedrito


Chegada da primeira locomotiva em Dom Pedrito em dezembro de 1922.

 Há quem pense que o trem é coisa do passado. Bom, em Dom Pedrito ele realmente o é. Há quem diga que o desdém para com o transporte ferroviário tenha começado antes dos governos militares. A partir do governo JK, as prioridades voltaram-se para as indústrias automobilísticas, deixando em abandono a modalidade ferroviária, erro que foi perpetuado por seus sucessores.

 Entre as teorias para que tal fato se desse em nosso país, está que as rodovias são mais lucrativas para as empresas construtoras e indústrias automobilísticas e de caminhões, sem falar nos impostos e pedágios. Em Dom Pedrito, o primeiro registro do trem é de 31 de dezembro de 1922.  Foi um grande acontecimento, pessoas de todas as idades, compareceram para ver a modernidade chegando sobre os trilhos. A estação era a que hoje está em ruínas atrás da Escola Arthur Vilamil de Castro.

 Já a Estação Nova, como é conhecida, foi inaugurada em março de 1943 em uma parte mais alta da cidade quando o ramal foi esticado até Santana do Livramento. Entre 1963 e 1971, não havia trens de passageiros entre Dom Pedrito e Santana do Livramento, voltando eles em 1972, para serem extintos em 1980. Nos anos 90, a Estação nova foi utilizada pela Brigada Militar e pela Secretaria da Agricultura e nos antigos trilhos, apenas o mato crescia. Daí em diante, eles começaram a ser retirados de seu antigo leito.  No interior, onde a antiga linha passava, nada além das pontes ficou como testemunhas da história, a relembrar um tempo onde a semente da modernidade foi arrancada desse solo fértil. Nesse cenário, não foi Dom Pedrito, mas o Brasil que seguiu um caminho contrário ao das nações desenvolvidas. Enquanto os países de primeiro mundo, investiram constantemente no transporte ferroviário, dando mostra da visão de futuro e de gestão, o Brasil, reduziu sua malha ferroviária a uma ínfima percentagem de seu sistema de transporte. As ferrovias não oferecem grande manutenção, além de evitar tráfego complicado e poluição sonora e ambiental, se modernizadas como as da Europa e do Oriente, com velocidade compatível e paisagem agradável, aliadas a um turismo interno que, consequentemente, proporciona a criação de inúmeras oportunidades de emprego direto e indireto,  indústrias e comércios variados, além do que os trens continuarão a transportar mercadorias, produtos pesados, diminuindo as distâncias entre pontos estratégicos de carga e descarga. Mas isso todos já sabem, o que não se consegue compreender é como a ganância de uma minoria pode influenciar o destino de uma nação ao ponto de serem cometidas as maiores atrocidades com consequências duradouras, como a que aconteceu com a malha ferroviária. Esperemos que no futuro possamos contar novamente com este transporte que é exemplo de excelência e modernidade.

 Quanto a nós, recordemos com as imagens uma época que era mais devagar, porém, mais charmosa. Um tempo em que as distâncias eram encurtadas por essas máquinas de ferro que cruzavam campos, rios e pontes, levando e trazendo ora cargas, ora pessoas. E mais, os trens carregavam os sonhos e esperanças das pessoas que viveram nesse tempo, nem tão longínquo. 

Conclusão dos trilhos

 Nas imagens, o registro dos trabalhos de construção dos trilhos, onde os operários concluem o serviço no local onde seria a primeira estação



Primeira Estação

 A Estação Velha, como todos a conhecem, sediou a Escola Arthur Villamil de Castro por muitos anos. Hoje, ela está em ruínas, atrás do atual prédio da escola, como testemunha viva de um tempo longínquo



Estação de São Sebastião
 Entre algumas estações existentes no interior, a de São Sebastião ainda resiste ao tempo




Mapa da Linha

 
Em destaque, a ligação entre São Sebastião e Santana do Livramento


Pontes e Viadutos


 As duas primeiras imagens , mostram dois ângulos da mesma ponte, situada na propriedade do dr. Ciro Quadros, que gentilmente nos permitiu a incursão em suas terras para trazermos ao leitor o registro da monumental estrutura. Imponente, ela resiste ao tempo e é uma verdadeira obra de arte da engenharia.


 Ao lado, um dos muitos viadutos. Mais numerosos, mas não menos belos e importantes.








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