Pedritense realiza intercâmbio no Egito

Esta é a história vivida por Pedro Etchichury Pilecco,
 que nos conta como foi sua experiência.


 Pedritense, com 20 anos, estudei no Bernardino Ângelo durante o ensino fundamental, em Dom Pedrito, e em 2012 me mudei para Santa Maria com meus pais. Hoje curso o 5º semestre de Engenharia Química na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A ideia de fazer um intercâmbio já era um sonho antigo. A possibilidade de aliar o intercâmbio com um trabalho voluntário oferecido pela AIESEC foi a oportunidade perfeita. A AIESEC é a maior organização internacional sem fins lucrativos formada e gerida apenas por jovens do mundo. A instituição oferece oportunidades de intercâmbio, recrutando jovens entre 18 e 30 anos para projetos em ONGs espalhadas por todo o mundo, nas quais estes jovens irão desenvolver liderança, empatia e seu desenvolvimento pessoal.

 Passei dois meses no Cairo, capital do Egito. A metrópole mistura tradição e modernidade. O Islã está em todo lugar e a religião rege basicamente tudo que acontece na sociedade egípcia: desde o governo até os relacionamentos pessoais.

 O que entra em contraste com os grandes shoppings, a presença de multinacionais conhecidas e o trânsito caótico.

Grupo de intercambistas da AIESEC
 na Pirâmide de Gizé
 O pais é mesmo composto de disparidades: de um lado uma mesquita e o cântico interminável das orações mulçumanas, do outro as largas avenidas e as constantes e ensurdecedoras buzinas dos automóveis – depois de um tempo você se acostuma a tudo isso. As disparidades ficam mais evidentes quando falamos da desigualdade social no país. É comum encontrarmos muitos mendigos vendendo lencinhos de papel, lixo espalhado pela rua e observar a discrepância das belas habitações dos bairros de classe média e das habitações das periferias pobres do Cairo.Como parte do projeto Enlighten, meu trabalho voluntário consistia em ensinar inglês para crianças na ONG Tadamon Council, a maioria refugiadas do Sudão do Sul e Somália que fogem com suas famílias (na maioria das vezes só com suas mães) da situação de miséria ou guerra dos seus países de origem.

 Nessa mesma ONG, as mães das crianças também são atendidas no projeto Empower no turno inverso às aulas de inglês. Nele elas participam de sessões sobre empoderamento feminino, falam sobre como melhorar suas vidas e recebem auxílio psicológico para superarem os traumas do passado e os desafios no novo país.


Selfie com meus alunos
 da ONG Tadamon
O Egito infelizmente não é um país acolhedor para os refugiados. Lá as crianças refugiadas não têm direito a frequentar as escolas públicas e as mulheres não conseguem empregos regulares, até porque não têm documentação e esbarram em burocracia e muito preconceito.

 Os refugiados negros no Egito sofrem com muita xenofobia e racismo. Para ilustrar, uma vez um egípcio cuspiu em uma das intercambistas brasileiras do nosso grupo em pleno metro do Cairo só pelo fato dela ser negra. Depois de um tempo, descobrimos que atos de racismo como esse são comuns. Sem aporte do governo, cabe às ONGs garantir o mínimo para essas famílias.

 A desigualdade social é causada não só pela imobilidade da sociedade egípcia, mas também pela situação desfavorável da economia. Sua moeda desvalorizada torna o país muito barato e atrativo para os estrangeiros que trazem dólar. Lá era possível eu me alimentar com três refeições por dia gastando 50 libras egípcias, algo em torno de 10 reais. Turismo no Egito é também muito barato. Só para ter noção, um mergulho profissional no litoral brasileiro pode custar até 400 reais, enquanto que em Sharm El Sheik, no litoral egípcio do Mar Vermelho, você faz isso por apenas 15 dólares, algo como 50 reais.

 Se você está procurando turismo barato, o Egito é uma ótima opção, mas fique preparado para encarar uma realidade completamente diferente da nossa. Vá com a cabeça aberta e traga a mala de volta cheia de lições e experiências para compartilhar.

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