Escola Bernardino Ângelo discute o bullying


 Na noite de terça-feira (23), o Instituto Estadual de Educação Bernardino Ângelo, promoveu uma roda de conversa.

 O objetivo da reunião era discutir um fenômeno que tem se intensificado nas últimas décadas, seja por que ele passou a ser estudado há pouco tempo, ou pela questão de que sempre existiu, o fato é que essa prática tem trazido enormes prejuízos para a sociedade como um todo. Fizeram parte da mesa de debates o dr. Luis Filipe Lemos - juiz de Direito da 1ª Vara da Comarca de Dom Pedrito; Edelcides Xavier de Oliveira - representante do Conselho Tutelar; Fabiana Pohlmann Cassol - diretora da escola e Dejanini Ribeiro Rodrigues - psicóloga. Participaram do encontro pais, alunos professores, e equipe pedagógica do educandário.

 Em uma conversa informal, o assunto foi debatido, identificando causas e consequências dessa violência, que pode ser física e moral.

 Ao final, os participantes puderam fazer perguntas aos convidados, que fizeram as suas colocações dentro de suas respectivas áreas de atuação. Confira um pouco da abordagem feita pelos convidados.

 Dr. Luis Filipe lemos Almeida

 O bullying é uma doença moderna que afeta tanto vítima, como agressores de  uma sociedade psicologicamente doente. As pessoas não conversam mais, só pelo smartphone. As pessoas perderam a capacidade de relacionar-se, de interagir. Vivemos em um mundo onde há muita intolerância. Existe como forma de combater a prática, o marco legal sobre o bullying. É a lei 13185 de 6 de novembro de 2015. É uma lei que tenta definir o indefinível, não se pode defini-lo. As relações mudaram. Ele está nas redes sociais como o cyber bullying, em casa, na escola, no trabalho. Pela lei, o bullying é definido como a prática de atos de violência física ou psíquica exercidos intencional e repetidamente por um indivíduo ou grupo contra uma ou mais pessoas com o objetivo de intimidar ou agredir, causando dor e angústia à vítima. O grande problema é justamente a identificação, pois o fenômeno não se mostra a todos.  As leis não bastam para coibir, se fosse assim tão simples, não existiriam os crimes. Não adianta uma abordagem repressiva se não identificarmos a causa, que muitas vezes está na família. Entre agressores e vítimas, não existe um padrão, ele não tem sexo, faixa etária e atinge todas as idades. Hoje, por exemplo, não existe um protocolo de abordagem, uma prática a ser seguida no enfrentamento da questão nas escolas. A lei prevê um conjunto de ações, de profissionais capacitados, mas na realidade o que se tem, são professores, que por mais boa vontade que tenham, ainda não estão preparados para lidar com mais este problema. A sociedade e a família estão doentes, super atarefadas. Os casos que chegam ao judiciário tendem a não conseguir apaziguar as partes, porque ele está muito na retaguarda. Os reais protagonistas devem ser a família e a escola.

 Psicóloga Dejanini Ribeiro Rodrigues

 O bullying vem sendo estudado no Brasil desde a década de 90. Psicologicamente falando, o cuidado principal é com a vítima, mas existem, nesse conjunto, os agressores e as testemunhas. O trabalho precisa necessariamente ser preventivo. Em todos os casos, as consequências são semelhantes como, por exemplo, o baixo rendimento escolar. Vítimas e testemunhas têm receio de falar no assunto por medo. As vítimas geralmente são escolhidas por certas características, como introspecção, condição socioeconômica, características físicas. Mas o agressor merece atenção, pois que este pode ser também muito necessitado. Como a criança tende a imitar o comportamento dos adultos, nesse caso, dos pais, que muitas vezes possuem atitudes inadequadas, a criança acaba por ter em casa as raízes do problema. Deve haver questionamentos dentro da família, no intuito de identificar situações do tipo. As consequêcias a longo prazo podem ser perigosas, pois a vítima pode querer vingar-se. Deve existir diálogo e o tratamento requer paciência.

 Conselheiro Tutelar 
 Edelcides Xavier de Oliveira

 Militar aposentado e com vasta experiência no ramo social, identifica bullying como um problema de longa existência. O bullying é sempre uma violência. Ele ocorre, muitas vezes, por conta de problemas familiares. Crianças e adolescentes não encontram no lar, a base de que necessitam para viver em harmonia e enfrentar os problemas inerentes à existência de cada um. Não encontram em casa o exemplo a seguir e por isso acabam tendo na sociedade o mesmo comportamento que presenciam em casa. A criança encontra em casa um pai autoritário, uma mãe castradora, ambos alheios a sua responsabilidade. Famílias constituídas por pessoas despreparadas para terem o mínimo de diálogo, para ensinarem o que é certo e o que é errado. A escola não pode ser responsabilizada pela doença moral que vive as famílias.

 Diretora Fabiana 
 Polmann Cassol

 Penso que a família deve caminhar junto com a escola. O difícil para todos nós é realmente identificar como e quando está ocorrendo o bullying. Pois tanto os pais, como os educadores não conseguem perceber o fenômeno que se apresenta de maneira sutil aos olhos alheios. Nós nos perguntamos se ele é causa ou é efeito. O bullying se intensificou de tal maneira dentro da escola, que ela não conseguiu se preparar na mesma velocidade em que os casos ocorriam, sendo que não estamos preparados para enfrentar o problema efetivamente. O que temos, e que pode ser feito dentro dos limites das práticas pedagógicas, é o que fazemos com nossos filhos, dentro do instinto materno que todas carregamos. A escola hoje pede ajuda.






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