Safra: Atraso da colheita em virtude dos altos volumes de chuvas

A Associação dos Agricultores de Dom Pedrito (AADP) promoveu uma reunião de sua Executiva, no final da tarde de quarta-feira passada (13), para avaliar o difícil momento que a categoria atravessa, em função das chuvas intensas e volumosas que vêm atingindo a região, o que se reflete no atraso da colheita de arroz e, por decorrência, na falta de liquidez para os agricultores cumprirem seus compromissos com as instituições financeiras. “Muitos produtores têm Finame ou outros financiamentos, algum custeio para pagar até o final de abril e, por outro lado, com o atraso na colheita em função do clima, não têm o produto para depósito e, por decorrência, estão sem condições de cumprir com seus compromissos”, explica Jair Pozzati Rossato, presidente da AADP.

Para esses, a Federarroz (Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do RS) disponibiliza uma Carta de Prorrogação de Custeios e Financiamentos, que permite ao produtor negociar com a instituição financeira. “Essa carta está à disposição dos interessados na Associação dos Agricultores. Com ela, o produtor ficará salvaguardado de ficar inadimplente, embora o banco vá avaliar cada caso individualmente”, acrescenta Rossato.

SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA

O entendimento dos produtores é de que o município deverá decretar Situação de Emergência, perante a Defesa Civil do Estado, instrumento que entre outras vantagens facilitaria, eventualmente, uma renegociação de dívidas que o produtor não tenha como cumprir em dia com as instituições financeiras. No contexto, um mapeamento da situação está sendo providenciado, para embasar a decretação de emergência. “Vamos aguardar a evolução do quadro até a próxima terça-feira (19), quando voltaremos a nos reunir e reavaliar a situação”, acrescenta Rossato. Por sua vez, o 2º vice-presidente da AADP, Gilberto Zambonato Raguzzoni, explica que, visando agilizar a colheita nos poucos dias em que o clima tem sido favorável, os produtores acabam investindo em mais máquinas e implementos, aumentando as suas dívidas. “Os mais antigos estão dizendo que nunca viram coisa igual (em termos de precipitações). A palavra mais usada, nestes dias, tem sido ‘pavor’”, sintetiza Raguzzoni. No momento em que encerrávamos esta edição, os principais institutos de meteorologia, como Somar e Climatempo, continuavam prevendo a continuação das chuvas até praticamente o final do mês de abril, com raros intervalos de melhorias de tempo.

REUNIÃO

Já com relação à situação das estradas para o escoamento da safra, o Executivo municipal convidou a Defesa Civil, Associação dos Agricultores, Sindicato Rural, Exército Brasileiro e Secretaria Municipal de Obras para uma reunião, na segunda-feira (18), às 9h30min, no salão nobre da prefeitura municipal. Ressalve-se que mesmo que o tempo melhore a preocupação dos produtores que dependem das estradas vicinais é pelo fato de que continuarão com as máquinas paradas porque não haverá como escoar a produção antes que as estradas proporcionem condições de trafegabilidade.

PREJUÍZOS

O produtor Rafael Rockenbach ilustra bem a situação em que se encontram os produtores locais, em especial os sojicultores, em função de que os grãos de soja são mais sensíveis à umidade e às variações climáticas se comparados com outras culturas: “A situação está difícil para todos. Na minha propriedade ainda não vejo maiores perdas nas lavouras, mas estamos no limite. Se der outra chuva, aí sim as perdas serão grandes, pois com o calor que está sendo anunciado (acima de 30 graus neste fim de semana), a tendência é que as vagens se abram e os grãos caiam”, explica Rockenbach

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