Dia da NÃO violência contra a mulher


Entenda o porquê da data

 No dia 25 de novembro de 1960, as irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa, conhecidas como “Las Mariposas”, foram brutalmente assassinadas pelo ditador Rafael Leônidas Trujillo, da República Dominicana. As três combatiam fortemente aquela ditadura e pagaram com a própria vida. Seus corpos foram encontrados no fundo de um precipício, estrangulados, com os ossos quebrados. As mortes repercutiram, causando grande comoção no país. Pouco tempo depois, o ditador foi assassinado.

 Em 1999, a Assembleia  Geral da Organização das Nações Unidas instituiu o 25 de novembro como o Dia Internacional da Não-Violência Contra a Mulher, em homenagem às “Mariposas”. Ou seja, durante um dia no ano, incitam-se reflexões sobre a situação de violência em que vive considerável parte das mulheres em todo o mundo.

 De janeiro a julho de 2018, foram quase 80 mil denúncias de agressão a mulheres no país.  Física, psicológica, sexual, moral ou cárcere privado. A mulher historicamente vem sendo violentada, em um circulo de costumes que passa por uma tradição, que aos poucos vem desmistificando hábitos em busca de liberdade. Em 2017, o Brasil registrou uma média de 164 casos de estupros por dia. Foram mais de 60 mil no ano passado, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
  
 Segundo o Centro de Atendimento à Mulher, em nosso país, 43% das mulheres em situação de violência sofrem agressões diariamente; e para 35%, a agressão é semanal, quando média, a cada 11 minutos uma mulher é estuprada em nosso país.

 “Crimes de honra” são homicídios de mulheres, jovens ou adultas, a mando da própria família, por alguma suspeita ou caso de “transgressão sexual” ou comportamental, como adultério, recusa de submissão a casamentos forçados, relações sexuais ou gravidez fora do casamento — mesmo se a mulher tiver sido estuprada. O crime é praticado para não “manchar o nome da família”. 5 mil mulheres são mortas por crimes de honra no mundo por ano (ONU). 70% de todas as mulheres do planeta já sofreram ou sofrerão algum tipo de violência em, pelo menos, um momento de suas vidas — independente de nacionalidade, cultura, religião ou condição social (ONU). Todos estes dados alarmantes servem para contextualizar algo que provavelmente já estamos naturalmente acostumadas a compreender. Afinal, ser mulher hoje em dia é conviver diariamente com o risco. Mas isto não significa que TODOS os homens sejam fatores de risco, nem tampouco são possíveis agressores. A violência é uma característica muito pessoal e o psique de um agressor pode ser desencadeado de diversas formas. "Eles não se reconhecem como agressores, eles se reconhecem como injustiçados", explica a Assistente Social do Creas de Dom Pedrito, Ana Fausta Reis.

 A coordenadora do Creas e psicóloga, Eduarda Marcon, diz que o machismo não tem classe social, raça,  idade, nem cor.  "A violência gera o feminicídio e nós precisamos trabalhar em campanhas de prevenção. Trabalhar com o empoderamento das mulheres para que elas possam seguir suas vidas".

 "E preciso entender que existe o Estatuto da Criança, assim como o Estatuto do Idoso porque são a minoria, são mais frágeis, fracos, também existe para as mulheres, e que se um homem for agredido por uma mulher ele deve também procurar a polícia e prestar uma queixa formal, mas ele precisa entender que a mulher é mais frágil, sim, e que o Brasil é o 5º país que mais mata a mulher, antes era o 7º. O machismo está matando, e os homens não entendem a mulher como minoria e não entendem que isso está nos matando", menciona a assistente social, Viviane Lucardo Barros.

 "Há muito trabalho a ser feito, mas pouco está chegando no Creas". Segundo as psicólogas e assistentes sociais  o Judiciário em Dom Pedrito tem tido dificuldades de encaminhar as mulheres vítimas de violência para o Creas durante os casos. "Os processos são feitos, o que não é feito são os nossos acompanhamentos com a família durante este processo,  para romper o ciclo de violência e oferecer o suporte necessário. Isso nos preocupa porque a vítima sofre em dose dupla, primeiro pela violência do companheiro e segundo pela falta de recursos que não é oferecido", explica a coordenadora do Creas, Eduarda, que completa, "Tínhamos assinado um acordo que durante o dia, quando houvesse um caso na delegacia seríamos chamados e, após às 17horas, deixaríamos um telefone com uma assistente social plantonista para esses casos, desde então nunca fomos chamados. Esperamos que agora isso aconteça, chamamos de Plantão Social".  É importante lembrar que Dom Pedrito não possui uma Casa de Abrigo para mulheres vítimas de violência, e cidades da região como Bagé e Pelotas também não oferecem acolhimento por estarem lotadas.

Creas E Judiciário Em Grupo Reflexivo De Gênero

 O Creas e o Poder Judiciário de Dom Pedrito, em parceria, criaram o grupo reflexivo de gênero, que quinzenalmente reúne-se, durante uma hora, com cerca de 12 homens em conflitos com a Lei Maria da Penha, em um trabalho de conscientização sobre o que é a violência para que eles não venham a reincidir nos casos. 

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