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| Publicado em 1º de setembro de 2018. |
João Carlos Paixão Côrtes
Segunda feira (27), recebemos a triste notícia da partida para outros planos, do grande folclorista, homem de letras e tradicionalista, João Carlos Paixão Côrtes, gaúcho das plagas de Santana do Livramento. Filho de estancieiro, fez seus primeiros estudos em sua terra natal, depois foi transferido para a capital do Estado, onde foi matriculado no Colégio Julio de Castilhos. Nesta época, há pouco tinha acabado a Segunda Guerra Mundial, e com a derrota dos nazistas, o americanismo tomou conta da moda e dos usos e hábitos dos brasileiros. Paixão Côrtes, gurizote vindo do interior, sentindo falta das lides e das vestes do campo, assim como a maioria de seus colegas vindos do interior, sentiam que o patriotismo estava sendo deixado de lado, adotando-se gírias, bebidas e os nomes ingleses, substituindo o nosso tradicional português. Dai fundou o Departamento de Tradições Gaúchas do Grêmio Estudantil Júlio de Castilhos, para cultuarem nossos usos e costumes gauchescos. Formado o Grupo, passaram a reunir-se na casa de outros colegas que aderiram à causa. No dia Sete de Setembro de 1947, formaram um Grupo de Cavalarianos, tomou uma centelha do Fogo Simbólico, e a levou para o Grêmio Estudantil, tornando-se esta centelha a primeira Chama Crioula, que foi idolatrada durante a Primeira Semana Farroupilha, chama esta que mais tarde foi oficializada pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho - M T G. Em 1948, Paixão Côrtes e um grupo de amigos fundaram o primeiro CTG, o 35 CTG. Após a criação do 35 CTG, constitui-se a primeira patronagem, sendo indicado o nome de Glaucus Saraiva para patrão. Após, foi realizada uma assembleia onde foi escolhido o primeiro patrão oficial da novel entidade, e esta escolha recaiu sob o nome do pedritense Antonio Cândido da Silva Netto, que juntamente com seu irmão Luiz Carlos Corrêa da Silva, fazia parte do Grupo dos Novos Tradicionalistas. Portanto, para nosso maior orgulho, o primeiro Patrão Oficial do 35 CTG foi o nosso saudoso conterrâneo dr. Silva Netto, e seu irmão Luiz Carlos fez parte do Conselho de Vaqueanos da novel entidade. Mas voltando ao grande homem, Paixão Côrtes, o mesmo formou-se em Agronomia, e prosseguiu seu legado fazendo pesquisas de folclore pelo Uruguai, Argentina e Paraguai, resgatando danças, cantos e cantigas de antepassados que estavam perdidas. No tradicionalismo introduziu a dança da Cana Verde, Pezinho, e muitas outras que estão nos Salões de CTGs. Também publicou inúmeras obras, tais como Festança na Querência, Terno de Reis, Cantigas do Natal Gaúcho, Gaúchos de Faca na Bota, Tradição e Folclore Gaúcho, Aspectos da Música e Fonografias Gaúchas, e outras inúmeras obras. Infelizmente, dia 27 de agosto, recebemos a triste notícia de seu falecimento, fato que abalou o mundo tradicionalista e literário gaúcho e americano. Paixão Côrtes não morreu, sua criação e obras continuarão vivas com o decorrer dos tempos, os Centros de Tradições Gaúchas continuarão seu legado, e a criação do 35 CTG, não foi só em Porto Alegre, este símbolo CTG se espalhou pelo mundo afora, e há de ser perpetuado na história dos povos. Homenagem desta coluna e do CTG Rodeio da Fronteira.
Dr.Bernardo de Miranda Munhoz
Faleceu domingo passado (26), Bernardo de Miranda Munhoz, advogado, esportista, pecuarista. Dr. Bernardo foi um grande causídico pedritense, homem letrado, foi vereador e proprietário do Escritório Rural Farrapo, considerado na época um dos melhores escritórios de remates, compra e venda da região. Bernardo foi integrante do Grupo de Ruralistas que em 17 de outubro de 1953, após grande churrasco nas dependências da antiga Indústria Pedritense de Carne, fundaram o CTG Rodeio da Fronteira. Foi integrante de sua patronagem, onde desempenhou juntamente com o dr. Lucidoro Brito o cargo de Agregado das Falas da entidade. Nossas condolências a seus familiares. Em meu nome e da patronagem do Rodeio da Fronteira, nosso reconhecimento a este grande sócio fundador de nossa entidade tradicionalista, que partiu para reencontrar seus velhos parceiros de 1953. Obrigado, dr. Bernardo, que sua alma descanse em paz.
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