Silvio Bermann


As lições que a vida nos ensina

 Na semana passada, em um único programa de rádio, entrevistei 12 jovens. 10 deles, coordenadores de suas respectivas equipes que participam da gincana, denominada III Integra EEEPDP (Escola Estadual de Educação Profissional Dom Pedrito), mais conhecida como Escola Técnica. Os outros dois foram os musicistas Eduarda Lima e Leonardo Villamil Rodrigues Nunes, ambos com 14 anos, integrantes de nosso Conservatório Municipal (o Instituto Artístico Carlos Gomes) e que brindaram nossos ouvintes com as canções Segundo Sol, de Cássia Eller (Eduarda, ao violão) e Mercedita, de Ramón Sixto Rios (Leonardo, ao acordeon).

 Eduarda e Leonardo fizeram daquele momento a leitura de que eu lhes estava dando uma oportunidade de manifestarem seu talento – que é indiscutível. De minha parte, aproveitei aqueles minutos para beber na fonte de uma juventude que já não possuo, duma primavera que já me deixou mas está sempre revivida em boas lembranças e algumas saudades.

 Recordo, enquanto escrevo, de uma poesia de Khalil Gibran, na qual o sábio libanês ensina que se o prazer da abelha consiste em retirar o mel da flor, também a flor tem prazer em dar o seu mel à abelha. Pois assim é essa interação de dependência que todos nós possuímos uns com os outros, cada um dando do que tem, e sendo impossível alguém compartilhar aquilo que não possui. Daí precisarmos ter compaixão com aqueles cujos galhos estão secos, o caule sem seiva e neles a vida reste aparentemente esvaída; embora nada seja desprezível neste mundo e até os galhos secos poderem, no crepúsculo de seu tempo na Terra, converterem-se em fogo, energia e calor para os seres que ainda vivem.

 Os jovens que alegram Dom Pedrito com suas dinâmicas e solidárias provas de gincana, assim como Leo e Eduarda, em suas execuções musicais, emprestam a todos nós - sobretudo aos veteranos -, a força vital para nos reeducar no amor à vida, quando por vezes, em decorrência de perdas e desilusões, a carapaça da indiferença e o germe do comodismo vão ganhando perigoso espaço em nossas interações com o resto da sociedade.

 Tudo e todos têm algo a nos ensinar: em algumas vezes, essas lições se apresentam com a força das tempestades, infringem dor e deixam cicatrizes; em outras, são aulas de ternura e esperança, que atingem nossa alma com a serenidade das brisas e nos brindam ensinamentos com magia e encanto.
Que consigamos sempre ter a virtude dos simples, para sermos receptivos e aprender as lições que a vida nos oferece diariamente, mesmo que às vezes não as percebamos. Carpe diem!

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