Brigada Militar compensará falta de efetivo com horas extras


 O capitão Rolim, comandante do 4° Esquadrão da Brigada Militar de Dom Pedrito, juntamente com o sargento Gonçalves, sub-comandante da mesma unidade, concederam entrevista ao Folha da Cidade na quarta-feira passada (7), a respeito da onda de roubos que vem acontecendo na cidade, sobretudo nos últimos dois meses, bem como analisaram o atual contexto da segurança pública no município e peculiaridades do trabalho de sua Corporação.

 "Até abril o padrão de roubos vinha se mantendo praticamente o mesmo de 2016, mas de meados de maio até esta primeira semana de junho, nós registramos 18 ocorrências desse tipo, sendo que em todo o ano passado foram 29 casos. E se somarmos estes primeiros cinco meses de 2017 já chegamos a 32 roubos", informa o capitão.

 Pois justamente num quadro preocupante como este, a boa nova é que o Esquadrão BM de Dom Pedrito foi informado pelo Comando do Regimento, sediado em Bagé, na terça-feira passada (6), que haveria neste período um aporte maior de horas extras, permitindo dobrar o efetivo disponibilizado para o policiamento ostensivo. "Desta forma, implementamos algumas ações extras, aumentando nossa ostensividade”, sintetiza o capitão.

 Mas a propósito da onda de roubos, a partir de ações da Polícia Civil e com apoio do Serviço de Inteligência da BM, já foram encontrados três padrões de suspeitos, sendo que pelo menos 1 indivíduo já foi identificado.

 O capitão Rolim admite que esses roubos, chamados popularmente de 'assaltos', vêm tendo como vítimas principalmente pedestres, com os meliantes subtraindo das pessoas pequenos valores e, com frequência, telefones celulares. Portanto, deduz-se que os casos têm ligação com o consumo de drogas, quando é comum os dependentes cometerem furtos e roubos com a intenção de obterem recursos imediatos para adquirir a próxima dose da substância em que são viciados.

Operações 
Especiais
Capitão Patrique Rolim Marques
 O capitão Rolim observa que, neste ano, já foram realizadas 3 edições da Operação Cidade Segura, quando o efetivo local da Brigada é reforçado pelo Pelotão de Operações Especiais (POE), de Bagé e desencadeada uma verdadeira blitz de policiamento ostensivo pela cidade.
 Detalhe importante: o reforço de horas extras para o 4º Esquadrão acontece no contexto da Operação Avante, iniciativa lançada em março passado, pelo governador José Ivo Sartori e o secretário estadual de Segurança Pública, Cézar Schirmer, que reforça o policiamento em Porto Alegre e Região Metropolitana, inclusive com o emprego da Força Nacional de Segurança Pública e policiais oriundos do interior do Estado, e, para compensar os municípios interioranos que perdem efetivo para essa operação, o governo concede mais horas extras para que os efetivos disponíveis aumentem sua carga de serviço.

Toma lá, 
Dá cá

 “Tivemos uma redução substancial de efetivo nos últimos tempos. Muitos policiais militares passaram para a reserva remunerada – mais exatamente foram 13 desde meados de 2016 até agora. Mais 9 foram deslocados para outros municípios, sendo 4 para a Operação Avante, que lá permanecerão pelo menos até agosto, já que em julho a Brigada Militar formará mais uma turma e esses novos efetivos deverão em parte substituir os do interior que estão na capital e região metropolitana; outros 4 PMs estão cedidos para os presídios – e estes não se tem notícia sobre quando irão retornar a Dom Pedrito; finalmente, mais 1 PM está fazendo curso para buscar uma promoção”. 
 O quadro é descrito pelo comandante do 4º Esquadrão.
 No início dos anos 1990, Dom Pedrito contava com quase 100 brigadianos no Esquadrão aqui aquartelado. 
 Questionado sobre a situação atual dos quadros, o capitão Rolim explica que, por questões de segurança, não pode divulgar uma informação precisa a respeito, referindo apenas, genericamente, que “(...) hoje devemos ter um terço daquilo”.
 Mas, há expectativas de que venham mais PMs para o município, a partir da formatura da nova turma, em julho. Não se espera exatamente  que os novos brigadianos venham fazer esse reforço, mas sim que os mais antigos e que estão em outras localidades possam retornar.

Sem goe, 
Sem patar...

Sargento Marco Aurélio Gonçalves
 Enquanto os PMs cedidos para outras operações não retornam, enquanto os reforços não chegam, o efetivo disponível tem que fazer milagres. 
 O capitão Rolim observa que precisou extinguir o GOE (Grupo de Operações Especiais) – unidade local muito respeitada, de repressão à criminalidade -, para que seus integrantes pudessem ir para a “escala convencional” de policiamento. “Não foi questão de opção, de gestão, mas sim de estarmos premidos pelas circunstâncias. Nos doeu tomar essa decisão, que não gostaríamos de ter tomado”, lamenta o comandante.
 “Assim como tivemos que extinguir a Patar (Patrulha Tática Rural), que também fazia um grande e reconhecido trabalho e atuava com 3 ou 4 policiais. 
 Nesse caso, a maioria foi para a reserva remunerada (se aposentaram), e resta 1 apenas daquele grupo, que, entretanto, não atua mais só na área rural, também ajudando no policiamento da cidade”, acrescenta o sargento Gonçalves. Ainda assim, toda vez que surgem oportunidades o pequeno e heroico efetivo da Brigada Militar de Dom Pedrito continua buscando qualificação. 
 No dia 29 de maio, por exemplo, aconteceu em Sant’Ana do Livramento um treinamento para as Patrulhas Rurais da Brigada Militar de todo o Estado, oportunidade em que Dom Pedrito enviou o sargento Moraes – um único representante do 4º Esquadrão, duma força tarefa que precisou ser desarticulada por falta de efetivo. Nada que, entretanto, intimide nosso punhado de PMs. Com o tempo eles tiveram de se acostumar a fazer a diferença com muita garra e dedicação ao trabalho que escolheram para suas vidas. 
 Ainda bem. Pois, no dia a dia, as forças policiais são a última linha de defesa da sociedade contra a crescente derrocada dos valores e o recrudescimento da marginalidade.


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